Bruno Rangel de Campos, de 42 anos, lamentou a difícil tarefa que ele e os irmãos foram obrigados a realizar nesta terça-feira (15/2): contar à mãe que havia perdido uma filha. A irmã dele, Eliane Aparecida Campos Flores dos Santos, de 56 anos, morreu atropelada no início da madrugada perto de casa na Rua Jacuí, no Bairro Ipiranga, Região Nordeste de Belo Horizonte.
O marido dela, de 58 anos, e uma mulher ainda não identificada, de 60, também foram atingidos. O motorista do veículo, identificado como o empresário Leandro Coelho de Matos, de 43 anos, foi detido pela Polícia Militar (PM). O acidente ocorreu quando ele fugia de uma blitz na Avenida Cristiano Machado.
“O natural são os filhos enterrarem os pais. Quando isso é o contrário foge da normalidade. A família está toda revoltada”, disse Bruno em um vídeo divulgado à imprensa nesta manhã. Naquele momento, ele estava resolvendo os trâmites burocráticos para o sepultamento de Eliane, ao mesmo tempo em que ele e os irmãos noticiavam a tragédia à mãe.
Eliane morreu no local do acidente. O marido sofreu escoriações nas pernas e foi levado ao Hospital Odilon Behrens. Já a idosa, sem identificação, foi levada em estado grave pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ao Hospital João XXIII. O motorista do outro carro reclamou de dores, mas dispensou atendimento médico.
Ainda de acordo com a Polícia Militar, o motorista que atropelou as vítimas disse que se desesperou ao parar na blitz porque a CNH dele está suspensa e bloqueada. O documento já teria sido entregue no Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG) para o cumprimento da punição. Ele disse que, durante a fuga, ao entrar na Jacuí, foi surpreendido pelo Fiesta no meio da via e não conseguiu evitar a batida.
Os policiais militares também registraram que ele tinha sinais de embriaguez, mas se recusou a fazer o teste do bafômetro. Dentro do carro também foi apreendida uma arma de air soft semelhante a um fuzil. A TV Alterosa apurou que Leandro Coelho de Matos já tem três passagens por dirigir embriagado. Na porta do Detran, a reportagem da emissora abordou o advogado que estava no local. Ele não quis gravar entrevista e disse que é amigo do motorista e que apenas acompanhava o caso, sem mais detalhes.
Choque
Bruno conta que estava dormindo quando as sobrinhas, de 32 e 33 anos, ligaram para ele desesperadas para falar do atropelamento. “Quando eu chego no local sou surpreendido pelas informações adicionais que foram prestadas lá. O tenente falando da recorrência desse rapaz com relação a imprudência no trânsito, a negligência, a crime no trânsito. Aí isso deixa de ser fatalidade para ser crime”, disse.
“Espero que a justiça venha. A justiça de Deus certamente, mas a justiça dos homens também seja feita. Sobretudo, enquadrando-o por homicídio doloso. Ele fugiu de uma blitz, ele teve a consciência, o entendimento de fazer essa imprudência”, enfatizou o irmão da vítima.