O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, voltou a falar sobre a não obrigatoriedade da vacinação infantil contra a covid-19 nesta terça-feira (8/2). Em conversa com jornalistas, ele disse que imunizar crianças é diferente de imunizar adultos e que “não dá para forçar a vacinação” nos pequenos.
“Eu mesmo tive a oportunidade de vacinar crianças em Brasília. Às vezes, você tem que convencer a criança a se vacinar. Ninguém vai pegar uma criança à força. Ir lá aplicar uma vacina com a criança berrando, não dá”, disse o ministro.
Quase dois meses após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ter aprovado a primeira vacina de uso infantil contra coronavírus, o percentual de crianças de 5 a 11 anos que tomaram a primeira dose de imunizantes contra a doença não passa de 15%.
O uso das doses pediátricas da Pfizer para imunização pediátrica foi aprovado pela Anvisa ainda em 16 de dezembro. O governo, no entanto, deu início a um período de consulta e audiência pública sobre o tema. As primeiras doses só foram aplicadas um mês depois, em 14 de janeiro.
Mais cedo, hoje, o ministro havia dito que o governo federal vem se empenhando não só para garantir que as vacinas cheguem a estados e municípios, mas também para tranquilizar os pais a respeito da eficácia e da segurança dos medicamentos.
"O ministério tem trabalhando fortemente para levar vacinas para o povo brasileiro […] para que os pais possam exercer o direito de vacinar seus filhos e o direito das crianças de serem vacinadas", disse
Atraso na compra de doses
Queiroga ainda defendeu o governo, afirmando que não houve atraso na compra das doses de imunização do público infantil. “Vocês estão dizendo que eu atrasei a vacina? Eu já distribuí 430 milhões de vezes mais vacinas do que você que está falando que eu atraso. Você não distribuiu nenhuma dose. Todas as doses de vacina foram distribuídas pelo governo do presidente Jair Messias”, afirmou em resposta à imprensa.
O líder da Saúde também criticou os jornalistas que perguntam sobre as doses do imunizante. “É mais importante avançar na terceira dose do que ficar nesse 'nhem nhem nhem' de vocês de que a gente está atrasando doses de vacinas. O povo brasileiro sabe que não estamos atrasando vacinas”, reforçou.
O ministro foi convocado, na última segunda-feira (7), pela Comissão de Desenvolvimento Humano (CDH) do Senado, para esclarecer o atraso da vacinação infantil contra o novo coronavírus e explicar uma nota técnica da pasta que favorece a hidroxicloroquina — remédio com ineficácia comprovada contra a doença.
Segundo o autor do requerimento, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Queiroga deve ser questionado sobre a "demora" entre a aprovação da Anvisa e o início da vacinação infantil contra a covid-19 no país.
*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro