Um levantamento feito pela ONG Todos pela Educação, divulgado nesta terça-feira (8/2), apontou que houve um crescimento de 1 milhão de crianças de 6 e 7 anos que não sabem ler e escrever durante a pandemia da covid-19. O número de crianças com essa idade que, segundo a percepção dos pais, não estão alfabetizadas passou de 1,4 milhão em 2019 para 2,4 milhões em 2021.
O aumento comprova os efeitos negativos da pandemia sobre a educação pública brasileira e tem maior impacto entre alunos negros, já que pesquisa também apontou a diferença entre esse índice em crianças pretas e pardas e crianças brancas.
Segundo os dados, os percentuais de crianças pretas e pardas de 6 e 7 anos de idade que não sabiam ler e escrever passaram de 28,8% e 28,2% em 2019 para 47,4% e 44,5% em 2021, respectivamente. Ao observar a não-alfabetização de crianças brancas, o aumento foi de 20,3% para 35,1% no mesmo período.
O levantamento foi feito com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e tem como objetivo corroborar as avaliações de aprendizagem que estados e municípios vêm aplicando.
A ONG se preocupa com os efeitos a longo prazo que a não-alfabetização em idade adequada pode gerar, como o aumento dos riscos de reprovação e abandono e/ou evasão escolar.
“A alfabetização na idade correta é etapa fundamental na trajetória escolar de uma criança, e por isso esse prejuízo nos preocupa tanto. E porque os danos podem ser permanentes, uma vez que a alfabetização é condição prévia para os demais aprendizados escolares”, explica o líder de políticas educacionais do Todos Pela Educação, Gabriel Corrêa.