O desmatamento na Amazônia foi 56,6% maior entre agosto de 2018 e julho de 2021 do que no mesmo período entre 2015 e 2018, segundo um novo estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam). Publicada na quarta-feira (2/2), a nota técnica mostra que houve aumentos consecutivos no desmatamento desde a eleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). O levantamento usa dados do Prodes, programa do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe).
Nesse período, o país chegou a registrar mais de 10 milkm² de florestas derrubas por ano, número que não ocorria desde 2008.
Segundo as autoras do estudo, o problema é alimentado por um enfraquecimento de órgãos de fiscalização, pela redução significativa de ações imediatas de combate e controle e por retrocessos legislativos.
No levantamento, é apontado que só em Terras Indígenas, (TIs) o aumento de desmatamento teve alta de 153% e em unidades de conservação foi de 63,7%. A maior parte do desmatamento (51%) ocorreu em terras públicas.
A área mais afetada foi a divisa Amacro, entre Amazonas, Acre e Rondônia, o que os pesquisadores caracterizam como a nova fronteira do desmatamento no bioma.
O estudo recomenda que para resolver o problema é preciso combater à grilagem e às invasões de terras, além da necessidade de segurança territorial em áreas protegidas. Também é recomendado a valorização da bioeconomia e a efetivação de linhas de financiamento, de fomento e de assistência técnica à agricultura familiar, povos e comunidades tradicionais.
Procurado, o Ministério do Meio Ambiente disse que no último semestre houve uma redução no desmatamento em relação ao período anterior e que a pasta trabalhará para reduzir ainda mais os números em 2022. "Os resultados do Deter/INPE sobre alertas de desmatamento do último semestre – agosto a janeiro, indicam uma *redução 5% em comparação com mesmo período do ano anterior*. E no combate aos ilícitos ambientais, o Governo Federal atuará de forma ainda mais contundente em 2022, em ações coordenadas pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), por meio da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Força Nacional; e com o apoio do Ministério do Meio Ambiente (MMA) – Ibama e ICMBio; e Ministério da Defesa, através do Censipam", diz a nota.