violência

Agressores de Moïse são presos

Justiça manda deter 3 homens que deram pauladas no congolês, como flagraram câmeras de segurança

A Justiça do Rio de Janeiro decretou, ontem, a prisão temporária de três acusados de participar do assassinato do congolês Moïse Kabagambe, de 24 anos, em 24 de janeiro. Os presos são Fábio Pirineus da Silva (o Belo), Brendon Alexander Luz da Silva (o Totta) e Aleson Cristiano Alves de Oliveira, o Dezenove — que foi o primeiro a se apresentar à polícia, na tarde da última terça-feira. Todos negaram a intenção de matar.

Antes de se entregar, Aleson gravou um vídeo no qual confessou ser um dos agressores. "Eu sou um dos envolvidos na morte do congolês. Quero deixar bem claro que ninguém queria tirar a vida dele, ninguém quis fazer injustiça, porque ele era negro ou alguém devia a ele. Ele teve um problema com um senhor do quiosque do lado, a gente foi defender o senhor e, infelizmente, aconteceu a fatalidade dele perder a vida", afirmou. Moïse levou pauladas, golpes de taco de beisebol e chegou a ser amarrado enquanto era agredido.

A autorização da prisão foi concedida pela juíza Isabel Teresa Pinto Coelho Diniz, do Plantão Judiciário. Os três foram indiciados por homicídio duplamente qualificado, por impossibilitar a defesa da vítima e por uso de meio cruel. Segundo o delegado Henrique Damasceno, responsável pelas investigações na Delegacia de Homicídios na Barra da Tijuca, o dono do quiosque Tropicália, Carlos Fábio da Silva Muzi, onde o crime aconteceu, não estava no local quando o espancamento aconteceu.

Gravações

Toda a agressão que causou a morte de Moïse foi gravada pelas câmeras de segurança do quiosque. O jovem teria ido, segundo a família, cobrar o pagamento de duas diárias que não recebera de Carlos Fábio — um total de R$ 200. O proprietário, em depoimento, disse que dispensara Moïse, dias antes, por trabalhar embriagado.

As agressões começaram com Belo, que acusou o congolês de ter ido ao quiosque "completamente alterado". Os dois começaram a discutir e, nas imagens das câmeras de segurança, ele dá as primeiras pauladas no rapaz.

Já a justificativa de Aleson para as agressões foi porque "resolveu extravasar raiva" devido a provocações feitas por Moïse dias antes. Ele admitiu ter exagerado na reação contra o jovem.

O homem que dá um "mata-leão" e amarra Moïse é Totta. Também no depoimento, disse que decidiu manietar o jovem porque ele oferecia "risco à sua integridade", pois ficou com medo de que o perseguisse. Segundo Totta, assim que notou que Moïse não respirava, tentou reanimá-lo.

Segundo Rodrigo Mondego, presidente da Comissão de Direitos Humanos da seccional Rio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), as defesas de Belo, Aleson e Totta tentaram desqualificar o congolês apresentando-o como um arruaceiro e que estava quase sempre embriagado.

"Moïse não era uma pessoa aleatória, bêbada, que estava naquele local, como estão tentando construir na imagem dele. Moïse era trabalhador, estava indo trabalhar e estava buscando pela remuneração do seu trabalho", acusou.

*Estagiário sob a supervisão de Fabio Grecchi