As chuvas deram uma trégua em São Paulo, mas os transtornos causados pelo mau tempo continuam intensos. Ontem, subiu para 2.854 o número de famílias desabrigadas ou desalojadas. O número de desaparecidos também aumentou para 10, e, o de feridos, para 13. A Defesa Civil do Estado confirmou 24 óbitos em razão dos temporais, incluindo oito crianças — uma delas um bebê de três meses.
Acompanhado de seis ministros — entre eles o da Cidadania, João Roma, e Infraestrutura, Tarcísio Freitas — o presidente Jair Bolsnaro visitou as áreas destruídas pelos deslizamentos de terra na região de Francisco Morato e depois se reuniu com prefeitos dos municípios afetados.
Segundo o presidente, sua visita teve como objetivo mostrar a disposição do governo federal para diminuir o sofrimento das famílias atingidas e ajudar financeiramente a região. "Os prefeitos apresentam suas necessidades, e faremos todo o possível para atendê-los", disse.
Apesar da solidariedade com as vítimas das chuvas, o presidente comentou a situação de risco das famílias. Ele disse que faltou "visão de futuro" por parte desses mais de dois mil brasileiros que construíram suas casas na região. "Muitas áreas onde foram construídas residências, faltou obviamente alguma visão de futuro por parte de quem construiu", afirmou o presidente, após sobrevoar áreas da região metropolitana de São Paulo atingidas pelas chuvas, ontem.
O governo federal não anunciou valores que poderão ser repassados para socorrer as vítimas das chuvas. Por enquanto, a única verba já disponibilizada para os municípios atingidos veio do próprio estado de São Paulo. O governo paulista liberou R$ 15 milhões para um total de 10 cidades para auxiliar as prefeituras na recuperação urbana e social.
O governador João Doria (PSDB) havia cobrado, no último domingo, mais empenho do governo federal no enfrentamento dos estragos na região. Apesar disso, na segunda-feira, o governador moderou o tom e, nas redes sociais, afirmou que a visita do presidente é "bem-vinda". "Nosso povo está sofrendo as duras consequências das chuvas que castigaram nosso estado. A visita do presidente a SP para oferecer ajuda aos que mais necessitam é bem vinda", escreveu.
Doria também enviou, ao Ministério do Desenvolvimento Regional, pedido de R$ 470 milhões para obras antienchente e serviços emergenciais. Em resposta, o ministro Rogério Marinho disse que não irá atender ao ofício do governador. "O ofício trata de obras que dizem respeito à previsão orçamentária, com obras de contenção e não dizem respeito ao momento que estamos vivendo. A necessidade agora é tratar das pessoas e isso são ações emergenciais. O governador nos pede 50 milhões para ações emergenciais, mas os prefeitos vão dizer qual é a necessidade de cada prefeitura", afirmou Marinho, acrescentando que Doria sabe de que forma deve fazer essa solicitação.
Marinho relembrou que o país tem cerca de 26 milhões de habitações irregulares. Por isso, essa situação não se resolveria da noite para o dia. "Temos quase metade das habitações do país irregulares. É fruto de mais de 100 anos de ocupação irregular. Não é um problema que aconteceu hoje", finalizou.
* Estagiárias sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza