O número de mortos encontrados na tragédia de Petrópolis, na Região Serra do Rio de Janeiro, não para de crescer. Ontem, chegou a 171, conforme dados do Corpo de Bombeiros que continua as buscas pelos desaparecidos. O dado se equipara à pior catástrofe da história da cidade imperial, em 1988, quando o município fluminense também registrou 171 mortos, segundo dados da Defesa Civil.
Neste século, a maior tragédia em Petrópolis tinha ocorrido em 2011, com 71 mortos em Petrópolis e mais de 900 na serra fluminense (a maioria em Nova Friburgo, 428 mortos, e Teresópolis, 387), de acordo com o Atlas Brasileiro de Desastres Naturais.
Outras 126 pessoas estão desaparecidas, conforme boletim dos bombeiros. Foram resgatadas 24 pessoas com vida ao longo dos seis dias de buscas. A Polícia Civil informou que 139 corpos identificados e 967 pessoas estão desabrigadas.
No fim do dia de ontem, a Defesa Civil acionou as sirenes para alertar sobre chuvas moderadas, enviou aviso por SMS e por grupos de comunicação por aplicativo. O motivo do novo alerta foi o deslocamento de chuvas vindas de Minas Gerais. A previsão do tempo, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), indica mais precipitação até quinta-feira na região. Serão nuvens com pancadas de chuva isoladas.
As atividades de resgate são paralisadas apenas com os alertas, mas as buscas continuam intensamente. Foram divididas em três áreas: os setores Alfa, Bravo e Charlie. No Morro da Oficina, uma das regiões mais afetadas pelo temporal, grupos de voluntários, formado pelos próprios moradores, se uniu aos mais de 200 agentes no município, 79 militares, 39 cães farejadores e 500 bombeiros para prestar ajuda.
Coleta de DNA
Com dificuldade para realizar a identificação dos corpos, a Polícia Civil definiu que fará um mutirão de coleta de material genéticos dos familiares das vítimas. A ideia é realizar o cruzamento de DNA entre quem for coletar e o dos corpos não identificados.
A partir de hoje, as famílias que registraram ocorrência na Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) serão chamadas para a coleta. A cada dia, 20 pessoas, conforme o agendamento poderão comparecer no Clube Petropolitano, de 9h às 12h ou de 13h às 17h. São esperados pais, filhos, irmãos ou sobrinhos. Dessa forma, acreditam que o processo se tornará mais célere.
Um ônibus será disponibilizado para levar os cidadãos que precisem de locomoção. Serão dois horários para pegar o transporte — 8h30 e 12h30 —, que terá como ponto de partida um mercado localizado no centro da cidade. As famílias que comparecerem ganharão cesta básica.
Organizado pela Frente Nacional de Prefeitos, um mutirão de limpeza, que reuniu mais de duas mil pessoas, já retirou por volta de 15 mil toneladas de entulho e lama das ruas desde o primeiro dia da tragédia. Companhias de Limpeza Urbana das cidades do Rio e de Niterói também apoiaram a mobilização com máquinas e caminhões.
Os voluntários atuam tanto na retirada dos entulhos, para acelerar a busca pelos desaparecidos, quanto no suporte emocional ou para que o trabalho continue — as ofertas de comida e conforto tem sido constante.
Doações chegam todos os dias. As arrecadações estavam acontecendo no ginásio local, mas, pensando na logística e no deslocamento do maquinário, foi aberto um ponto de coleta para receber as doações que chegam de fora para as vítimas de Petrópolis, na BR-040. Os itens vindos de fora do estado estão sendo recebidos no galpão e direcionados para outros 38 pontos de apoio montados pela Prefeitura de Petrópolis.
A Secretaria Municipal de Assistência Social informou que os itens mais perecíveis no momento são: absorventes, roupas íntimas, álcool 70° (gel ou líquido), desodorantes, fraldas geriátricas e máscaras de proteção individual.
As funerárias da cidade não conseguiram atender à demanda para sepultar os corpos liberados pelo Instituto Médico Legal (IML) e os moradores realizaram um mutirão de enterros no Cemitério Municipal de Petrópolis. Segundo a prefeitura, até sábado, 90 pessoas foram sepultadas.
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