Desde quarta-feira passada, os irmãos Priscila, Saimon e Danter passam o dia cavando a terra na Servidão de Frei Leão, na região do Morro da Oficina, em Petrópolis. Eles buscam pelo pai, Ely José Soares de Menezes, de 62 anos. A única pausa no trabalho duro e sofrido aconteceu sábado, 19, quando foram enterrar a mãe, Solange. O casal estava em casa quando foi soterrado pelo deslizamento provocado pelas fortes chuvas de terça-feira passada.
A alguns quilômetros dali, cerca de 40 voluntários e parentes de Gabriel Vilareal da Rocha se dividem para explorar dezenas de quilômetros do Rio Piabanha em busca do jovem de 17 anos, que estava num dos ônibus arrastado pela enxurrada. Mais de 150 pessoas morreram na tragédia.
A procura por familiares sumidos é um drama que acompanha muita gente em Petrópolis. Alguns, como Priscila e os irmãos, não têm mais esperança de encontrá-los com vida. Outros, como Alex de Melo Rocha, tio de Gabriel, mantêm a crença de que ao final terão boas notícias.
No caso de Priscila Neves Ouriques, a busca cansativa dela e dos irmãos é para colocar um ponto final na tragédia que se abateu sobre a família. "A gente está nessa busca incansável. Quando achamos minha mãe já foi um alívio. A gente tem que achar meu pai também, não queremos deixar ele aí jogado", disse ela, no fim da manhã deste domingo. "A gente não quer ter essa sensação de que não lutamos até o final."
Priscila não acredita que encontrará o pai com vida. Ainda assim, ela e os irmãos têm conseguido atuar no trabalho de busca por corpos do início ao fim do dia. "É muita oração, a gente pede muito a Deus pra nos dar forças", contou Priscila. "Estamos deixando nossos sentimentos de lado e focando só na busca. Só depois que a gente achar que vamos ter aquele momento pra desabar."
Alex, por sua vez, conseguiu mobilizar voluntários para ajudar nas buscas pelo sobrinho. O pai de Gabriel, Leandro da Rocha, já estava desde quarta-feira percorrendo a margem do Piabanha em busca do filho. Desde sábado, ele ganhou o auxílio de amigos e voluntários.
"O Corpo de Bombeiros tem pouca gente, e a gente entende que eles estejam focando onde há pessoas soterradas. Nós resolvemos montar esse grupo para buscarmos por conta e descer o rio", declarou Alex. "Antes estávamos procurando no IML, nos hospitais, e depois formamos esse grupo."
Somente no sábado os cerca de 40 voluntários percorreram 14 quilômetros do rio, que tem 80 de extensão. "Hoje nós dividimos o grupo. Um começou em Corrêas, e outro em Nogueira. Estamos expandindo o máximo possível", contou. Segundo Alex, a família tem esperanças de encontrar Gabriel com vida. "Enquanto não encontrarem o corpo, teremos sempre esperança", disse. "A gente não pode se conformar com isso, achar que morreu, que está perdido. Vamos procurar até achar."
O Corpo de Bombeiros informou que todos os pontos onde há relatos de possíveis vítimas estão cobertos pelos militares. E, em nota, fez um apelo: "O Corpo de Bombeiros entende a dor dos familiares, mas orienta a população, inclusive, a não ficar próxima das áreas de busca. O solo está instável e põe em risco a vida destas pessoas."
Saiba Mais
- Brasil Tremores de terra são sentidos em ao menos três cidades da BA, CE e MG
- Brasil Contribuinte pode doar parte do imposto de renda para auxílio a idosos
- Mundo Famílias de desaparecidos em naufrágio no Canadá pedem retomada das buscas
- Mundo Motorista de caminhão é encontrado sem vida após incêndio em embarcação na Grécia
- Brasil Defesa Civil fez 900 análises técnicas após chuvas em Petrópolis
- Brasil Papa reafirma que está em oração pelas vítimas da tragédia em Petrópolis
- Brasil Em meio à tragédia, bebê nasce em ponto de apoio em Petrópolis
- Cidades DF Homem é preso neste domingo (20/2) por esfaquear e matar o próprio pai
- Diversão e Arte Maíra Cardi comenta ataques à filha, Sophia, nas redes sociais
- Esportes Brasil mostra evolução e encerra Jogos de Inverno com boa expectativa para 2026
- Brasil Chega a 152 o número de mortos em Petrópolis; veja como ajudar os desabrigados
- Ciência e Saúde SUS: atendimento a pessoas com transtornos mentais aumenta 11% em 2021
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.