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CB.Poder: presidente da Ajufe afirma que ataque a juízes pode prejudicar democracia

Eduardo declarou que o "legado da Lava Jato não pode ser esquecido"

Gabriela Chabalgoity*
postado em 16/02/2022 20:36 / atualizado em 16/02/2022 20:36
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

“Nós precisamos parar com esse ataque pessoal a juízes”, declarou o presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Eduardo André Brandão, nesta quarta-feira (16/2), em entrevista ao CB.Poder, parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília. Na visão dele, as decisões dos juízes podem ser criticadas, são passíveis de recursos. Porém, o ataque pessoal é prejudicial à democracia.

“ Uma figura pública quando é condenada, ela pode criticar a decisão, ela pode impugnar via recurso, mas atacar a pessoa do juiz a gente discorda. A Operação Lava Jato inaugurou isso, o ataque pessoal ao juiz, que ficou consagrado com os ataques pessoais ao ministro do Supremo. Isso não é bom para o país. Para o bem do país e da democracia, devemos parar com esse ataque pessoal a juiz”, disse.


Confira as principais questões sobre o tema:


Como está o combate à corrupção por parte da Ajufe?

Em continuidade. Após todo o destaque por conta da Operação Lava Jato, foi difícil nosso trabalho no Congresso. Sofremos muitos ataques, mas conseguimos trabalhar, o diálogo foi retomado. O combate à corrupção não pode se perder, sempre pode melhorar. A Operação Lava Jato trouxe um legado muito bom para o país, as autoridades prezando por mais transparência, mais cuidados com os gastos públicos.

Como a Ajufe se coloca em relação aos movimentos críticos à Operação Lava Jato?

A gente discorda dessas medidas legais com vistas a diminuir a transparência. A gente discordou da Lei de Abuso da Autoridade, da Lei de Improbidade, você praticamente vai gerar uma impunidade mesmo, o mau administrador vai ter mais chance de continuar a agir. A Ajufe é contrária a todas essas mudanças. Em relação à Lava Jato, a Ajufe é contrária aos juízes na política. No caso, Sérgio Moro é um ex-juiz.


Qual a leitura feita da Lava Jato?

Nós defendemos o legado da Lava Jato. Os acordos de leniência, as devoluções de valores por pessoas físicas, isso nunca pode ser apagado, aquilo foi assustador. Por mais que tenham críticas, ataques, o legado não pode se perder. O Brasil precisava e ainda precisa de medidas nesse sentido. A gente percebe um maior cuidado das autoridades com a transparência, com gastos, a própria imprensa cresceu muito nessa avaliação. A operação trouxe muitos benefícios.O Brasil não é o mesmo depois da Lava Jato.


Como você avalia a relação do juiz federal com integrantes do Ministério Público?

Quanto ao trabalho do ex-colega como juiz, na minha visão, foi irretocável. Sempre deu as decisões sérias, não há o que falar do trabalho dele. Essa relação nessas operações se deve tomar muito cuidado com troca de informações e tudo, mas não é algo pernicioso. Não vemos ali nenhuma anormalidade em conversar com o Procurador da República, só temos que tomar cuidado.

 

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