Um vendedor de balas morreu após ser baleado em frente ao terminal de barcas de Niterói (RJ) no início da tarde desta segunda-feira (14/2).
De acordo com o portal G1, testemunhas relataram que o rapaz, identificado como Hiago Macedo, de 22 anos, oferecia seus produtos quando começou uma discussão com um policial à paisana. Em determinado momento, o militar disparou contra o ambulante. O jovem não resistiu aos ferimentos e morreu no local.
A família do rapaz afirma que ele foi chamado de ladrão enquanto estava oferecendo balas e deu início a uma discussão que terminou com o disparo do policial militar de folga.
Já a Polícia Militar do Rio de Janeiro diz, em nota à BBC News Brasil, que informações preliminares apontam que o militar avistou uma tentativa de roubo perto dele e reagiu.
"O militar tentou intervir na ação e um dos envolvidos teria investido contra sua integridade, sendo atingido por disparo de arma de fogo. O ferido não resistiu", diz a nota da PM.
Em comunicado à BBC News Brasil, a Polícia Civil informou que está "ouvindo testemunhas e buscando imagens de câmeras de segurança instaladas na região para esclarecer todos os fatos".
O policial militar foi preso e, segundo a TV Globo, deve responder por homicídio doloso, quando há a intenção de matar, qualificado por motivo fútil.
A concessionária CCR Barcas limitou-se a confirmar, em nota à reportagem, que "houve uma discussão entre dois pedestres nas imediações da estação Arariboia, no Centro de Niterói" e disse que "irá contribuir com as investigações das autoridades policiais".
Pouco após o crime, pessoas que estavam no local e familiares de Hiago iniciaram um protesto.
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'E a vida do meu primo, custa quanto?'
De acordo com a família de Hiago, o rapaz saía de casa às 5h da manhã para vender as balas. O sonho dele era pagar a festa de dois anos da filha, que, segundo os parentes, aconteceria daqui a quatro dias.
"Ia ser um festão, o menino estava convidando todo mundo. E eu te digo agora: será que essa festa vai acontecer? Será que daqui a quatro dias a filha vai poder falar: mãe, cadê o meu pai e vai abraçar? Não!", afirmou o primo dele, Jonathan César, em entrevista à imprensa.
"Será que isso aqui vai acabar por aqui mesmo e vão dizer que era mais um vendedor de bala ou um traficante?", perguntou o rapaz.
De acordo com o G1, a polícia informou que Hiago tinha anotações criminais por tentativa de homicídio, desacato, furto, lesão corporal e outros crimes.
A família diz que o jovem havia abandonado o crime e nega que ele estava cometendo um roubo no momento em que foi baleado.
"Quer dizer a verdade do que aconteceu? Puxa nas câmeras: o menino foi abordar uma pessoa para vender bala. E no momento em que ele foi abordar uma pessoa, o rapaz chamou ele de ladrão e disse que os meninos da bala vão abordar as pessoas pra poder roubar o celular que está dentro do bolso", diz o primo de Hiago.
"O policial ao lado se ofendeu e foi discutir com meu primo. O meu primo é sujeito homem, debateu com ele de boca pra boca, ele meteu a mão na arma e deu um tiro só. E aí, a bala dele custa 'uma é três' e 'dois é cinco'. E a vida do meu primo custa quanto?", completou Jonathan.
A Polícia Militar disse em nota que o suspeito prestou depoimento na Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSG), que está investigando o caso, junto com o homem que teria sido a vítima da suposta tentativa de roubo.
A reportagem não localizou a defesa do policial até a conclusão deste texto.
Caso gerou revolta na região
A morte do rapaz causou revolta no local. Segundo relatos, diversas pessoas tentaram parar o trânsito da região e chegaram a incendiar um colchão na pista, porém o fogo foi apagado por policiais.
Em nota, a PM diz que intensificou o policiamento no local.
De acordo com o G1, familiares e amigos do rapaz assassinado protestaram na porta das barcas. Durante a confusão, um homem teria atirado um objeto na direção dos policiais, que teriam reagido com spray de pimenta nas pessoas que estavam no local.
Ainda conforme o G1, quatro pessoas foram detidas no tumulto próximo às barcas.
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