Um torcedor do Brasil de Pelotas, do Rio Grande do Sul, foi expulso do estádio Bento de Freitas, na cidade do time, após exibir tatuagens com conotações neonazistas. Durante a partida contra o Novo Hamburgo, no domingo (13/2), ele tirou a camisa do time e a torcida identificou dois símbolos que remetem ao regime nazista: uma Cruz de Ferro, no braço, e a frase "Mein Kampf", título alemão do livro de Adolf Hitler, Minha Luta, no cóccix. Veja o vídeo feito por um torcedor das tatuagens do homem durante o jogo:
Pouco depois, o homem foi expulso pela torcida. Uma aglomeração de torcedores o cercou e chamou a atenção dele, e pediu para sair. Para evitar uma briga física, a equipe de segurança do estádio retirou o homem e o encaminhou para fora do estádio. A ação não foi filmada, mas o fotógrafo do time, Volmer Perez, registrou o momento em fotos. Veja:
Um homem com uma tatuagem "Mein Kampf" nas costas foi retirado da Baixada. O estádio Bento Freitas, casa de um clube formado por negros e operários, não pode permitir - e não permitiu - que manifestações como essa aconteçam. Parabéns à nossa torcida!
— Xavacast, o podcast da torcida Xavante (@xavacast) February 14, 2022
Volmer Perez/GEB pic.twitter.com/yXSoV6zddt
A identidade do homem não foi revelada. O Clube, conhecido como Brasil de Pelotas, publicou uma nota oficial sobre o episódio. Ele afirmou que os torcedores, chamados xavantes, são o maior “instrumento contra qualquer discurso ou ato de discriminação”, já que foram os próprios que expulsaram o homem do estádio.
“O amor aos muitos que somos é parte da beleza do clube. É por essa consciência histórica que aqueles, que se sentem representados pelos discursos de ódio infelizmente cada vez mais comuns, são e sempre serão repelidos da Baixada. Quem diz isso não é só o clube, como instituição. É a nossa torcida que sabe reconhecer ao longe que não tem dignidade para se dizer Xavante”, pontuaram.
NOTA OFICIAL
— GE Brasil (@GEBrasilOficial) February 14, 2022
Graças a gerações de xavantes que ao longo de 110 anos nos trouxeram até aqui, o Brasil tem na própria história um instrumento contra qualquer discurso ou ato de discriminação.
O amor aos muitos que somos é parte da beleza do clube. pic.twitter.com/MJG98YMHhw
Quem diz isso não é só o clube, como instituição.
É a nossa torcida, que sabe reconhecer ao longe quem não tem dignidade para se dizer Xavante.— GE Brasil (@GEBrasilOficial) February 14, 2022
A vereadora de Porto Alegre, Daiana Santos, comentou o ocorrido. “Ontem, um homem foi um expulso da arquibancada pela torcida do Brasil de Pelotas após exibir suas tatuagens neonazistas (Mein Kampf e Cruz de Ferro). Infelizmente, a extrema-direita deu amplitude e voz para grupos racistas, homofóbicos e antissemitas em nosso país”, pontuou.
Ela também parabenizou os torcedores pela atitude de não permitir que o homem permanecesse no local. “O Brasil de Pelotas é um clube que foi fundado pela classe operária e negra. Parabéns para a torcida Xavante, que honrou suas raízes! Com nazista não tem conversa”, disse.
Clube também teve outro torcedor envolvido com polêmica, dessa vez racismo contra negros
Essa não é a primeira vez que um torcedor do Pelotas do Brasil é protagonista de ações de racismo. Em 29 de janeiro, em uma partida contra o Grêmio, alguns torcedores Xavantes proferiram ofensas de teor racista contra outros torcedores do adversário. Na ocasião, o Clube emitiu nota de repúdio e afirmou ter identificado o suspeito das ações, além de apresentá-lo “às autoridades competentes, a quem cabe o devido processo de investigação e submissão à justiça”.
No próximo jogo do Clube, a própria torcida emitiu um recado aos pares que insistiam no crime de ódio: produziram uma faixa extensa com a frase “O GE Brasil não silencia diante do grito dos maus. #NãoAoRacismo!”.
Amamos o Brasil e odiamos o racismo! @GEBrasilOficial @esquadraoxava pic.twitter.com/lMpdB45D0R
— alice BRASIL É LUZ (@alicesilveiira) February 3, 2022
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