Correio Talks: Fábio Gomes debate desafios de um sistema alimentar sustentável

Gabriela Chabalgoity*

postado em 09/02/2022 20:50 / atualizado em 09/02/2022 23:36

(crédito: Marketing/CB)

No mesmo dia em que a Câmara aprova texto-base de um projeto de lei que flexibiliza o controle e a aprovação de agrotóxicos no Brasil, o Correio promove um seminário para debater sobre os Sistemas Alimentares e Desenvolvimento Sustentável. Fábio Gomes, o representante da Organização Panamericana de Saúde (OPS), participou do Correio Talks ocorrido nesta quarta-feira (9/2) e debateu sobre o sistema alimentar brasileiro. “O sistema alimentar deve ser sustentável, saudável, equânime e justo”, disse o especialista.

Sobre as frutas e hortaliças distribuídas no país, Fábio explicou que a promoção desses alimentos são “envenenados” com sementes transgênicas traz malefícios à saúde e “é injusto com a população”. “Precisamos ter a coerência de não ultra processar alimentos orgânicos e nem envenenar alimentos minimamente processados e frescos”, apelou.

Os mercados abastecedores também geram uma problemática quando não há uma regulação para "frear" o controle dessa cadeia. “Os mercados de grande superfície garantem um sistema alimentar insustentável do ponto de vista ambiental, do desenvolvimento socioeconômico e do impacto na saúde”.

"Quanto mais o nosso sistema alimentar é controlado, do ponto de vista do arrefecimento, por essas cadeias de supermercados de grande superfície e controlado por corporações transnacionais, mais a gente compromete a sustentabilidade”, acrescentou.

Para Fábio, o Brasil já esteve muito mais próximo de um sistema alimentar sustentável e saudável do que está hoje. “É importante estar claro que o sistema foi sendo sabotado por esse conjunto de produtos, de práticas e de políticas que provocam essas epidemias como a de desnutrição, obesidade, das mudanças climáticas e ambientais. A gente só freia essas sabotagens e garante um sistema alimentar saudável, com um desenvolvimento sustentável”, disse.

“Para isso, precisamos de regulação. É importante o papel do legislador para o sistema ser saudável e sustentável. É fundamental que haja medidas regulatórias que possam restringir o avanço e a presença de produtos ultraprocessados na alimentação do brasileiro e a necessidade da ampliação ao acesso a comida de verdade”, finalizou.