O ministro da Saúde Marcelo Queiroga sugeriu, ontem, que os pais devem tentar convencer os filhos, mesmo menores de idade, a se vacinar contra a covid-19. Ignorando o fato de que a maioridade começa apenas aos 18 anos e que, portanto, os menores não têm autonomia de decisão, disse que vacinar crianças é diferente de vacinar adultos e que "não dá para forçar a vacinação".
"Eu mesmo tive a oportunidade de vacinar crianças em Brasília. Às vezes, você tem que convencer a criança a se vacinar. Ninguém vai pegar uma criança à força, ir lá aplicar uma vacina com a criança berrando. Não dá", disse o ministro.
Quase dois meses depois de a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ter aprovado a primeira vacina de uso infantil contra coronavírus, o percentual de crianças de 5 a 11 anos que tomaram a primeira dose de imunizantes contra a covid-19 está em torno de 15%. Irritado com os questionamentos dos jornalistas, que sugeriram que o ministério retardou o início da vacinação infantil ao realizar consulta e audiência públicas, Queiroga cobrou mais empenho de estados e municípios.
"A posição do governo foi clara no sentido de ofertar as vacinas, que estão disponíveis. E o ritmo heterogêneo (da aplicação) mostra que é necessário haver o empenho de estados e municípios", comentou Queiroga, exemplificando o caso do estado de São Paulo, onde 50% das crianças de 5 a 11 anos tomaram a primeira dose.
Em relação ao receio de alguns pais, Queiroga disse que seria preciso ouvi-los para entender a razão da resistência em levar os filhos para serem imunizados. "Temos procurado fazer a nossa parte, esclarecendo a população acerca de todas as implicações relativas à vacinação em todas as faixas etárias, acompanhando eventos adversos", salientou.
Atrasos
Sempre num tom de voz mais elevado que o habitual, Queiroga garantiu que não houve atraso na compra das doses pediátricas. "Vocês estão dizendo que eu atrasei a vacina? Eu já distribuí 430 milhões de vezes mais vacinas do que você, que está falando que eu atraso. Você não distribuiu nenhuma dose", reagiu, desafiando uma jornalista que o indagara. "É mais importante avançar na terceira dose do que ficar nesse nhenhenhem de vocês, de que a gente está atrasando doses de vacinas. O povo brasileiro sabe que não estamos atrasando", disse.
O ministro foi convocado, na última segunda-feira, pela Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado para esclarecer o atraso da vacinação infantil contra o coronavírus e explicar uma nota técnica da pasta que defende o kit covid — com remédios comprovadamente ineficazes contra a doença. (GB*)
* Estagiária sob a supervisão
de Fabio Grecchi
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