sociedade

Brasileiros poderão entrar nos EUA com mais facilidade; entenda o que muda

Brasil agora integra programa Global Entry, que agiliza controle de passaporte na chegada aos aeroportos americanos. Mas para entrar no país ainda é preciso ter visto e atender alguns requisitos

Tainá Andrade
Raphael Felice
postado em 08/02/2022 06:00
 (crédito: Joseph Prezioso/AFP)
(crédito: Joseph Prezioso/AFP)

Embora a exigência de visto não mude, os brasileiros passarão a ter a opção de ingressar nos Estados Unidos com mais agilidade. O governo anunciou, ontem, que o Brasil entrou no programa Global Entry (GE) — entrada global, em inglês — que dá mais rapidez no controle de passaporte na chegada aos aeroportos dos EUA.

Segundo a Casa Civil, a medida vai estimular contatos de empresários, turismo, além de interação acadêmica entre instituições de ensino brasileiras e norte-americanas. Segundo o ministro Ciro Nogueira, o GE vai "fortalecer as relações entre os dois países". Para especialistas, o impacto positivo acontecerá, mas não será nas relações diplomáticas.

Normalmente utilizado por viajantes frequentes aos EUA, o programa está em vigor para outros 11 países. O Brasil será a terceira nação da América do Sul a participar do projeto, disponível para cidadãos argentinos e colombianos. A lista inclui, também, Índia, Reino Unido, Alemanha, Panamá, Cingapura, Coreia do Sul, Suíça, Taiwan e México.

Por meio do GE, os brasileiros poderão escapar das longas filas de imigração nos EUA e fazer o controle de passaporte diretamente em quiosques automáticos — semelhantes aos instalados pela Polícia Federal nos principais aeroportos internacionais do Brasil.

Benefícios

Os principais setores a obterem vantagens do o a participação brasileira no GE são os de turismo e negócios em turismo, de acordo com Leandro Consentino, cientista político e professor do Insper. "Não vão mudar da água para o vinho as relações (entre Brasil e EUA), que, hoje, estão estremecidas. Politicamente e nas relações comerciais, não é algo transformador. Do ponto de vista do cidadão, é bom, é uma medida de estreitamento dos países e, sobretudo, pela desburocratização de ingresso para quem tem que ir com frequência até lá", explicou.

A entrada no GE começou a ser negociada ainda no governo da ex-presidente Dilma Rousseff. Carlos Gustavo Poggio, professor de relações internacionais da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), avalia que o Brasil deveria ter entrado há mais tempo no programa. E destaca que a adesão não é forte o suficiente para mudar a relação com os EUA.

"O governo Bolsonaro faz pequenos avanços, mas que não significam mudanças estruturais. São importantes, porém bem menos que aquilo que se esperava. O Brasil precisa avançar em pautas mais importantes, de desburocratização de tarifas, negociar aumento do comércio, negociar tarifas, investimento para o país", analisou.

Para participar, é preciso se cadastrar junto à Autoridade de Aduanas e Proteção de Fronteiras (CBP, na sigla em inglês), órgão responsável pelo controle de entrada de estrangeiros naquele país. Além do pagamento de uma taxa de US$ 100, será preciso passar pelo crivo das autoridades americanas. Em caso de pedido negado, o valor não é reembolsável.

A implementação do GE para brasileiros foi coordenada pela Casa Civil e contou com a participação dos ministérios das Relações Exteriores, da Justiça e Segurança Pública e da Economia, além da Receita e da Polícia Federal.

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