CRIME

Agressor de Moïse nega intenção de matá-lo e diz que só queria "extravasar a raiva"

O refugiado congolês foi morto com mais de 30 pauladas em quiosque de praia na Barra da Tijuca. Crime chocou o Brasil e comunidades de países africanos

Correio Braziliense
postado em 03/02/2022 00:31 / atualizado em 03/02/2022 00:31
 (crédito: Reprodução/Redes sociais )
(crédito: Reprodução/Redes sociais )

Os três agressores que espancaram o congolês Moïse Kabagambe foram presos na última terça-feira (2/2). Em depoimento à polícia, os envolvidos negaram a intenção de matar e, um deles, disse que bateu em Moïse porque ele estava ‘perturbando’ e que as agressões foram com a intenção de “extravasar a raiva” que estava sentindo do africano. Os envolvidos vão responder por homicídio duplamente qualificado.

Fábio Pirineus, Aleson Cristiano e Brendon Silva disseram à polícia que Moïse estava bêbado, dormindo na praia há dois dias, e usando drogas. As agressões teriam começado, porque o congolês estava querendo pegar bebida do freezer do quiosque e, por estar alterado, estava ameaçando e sendo agressivo com funcionários e clientes. Os três negaram que a motivação do crime tenha sido racial.

Segundo as alegações de Aleson Cristiano, dias antes do crime, o imigrante estava diferente, consumindo mais bebida alcoólica, drogas falando palavrões e insistindo para que clientes e funcionários de quiosques lhe dessem cerveja. O advogado de Moïse, Rodrigo Mondengo, nega essa versão. 

Nas imagens da câmera de uma loja é possível ver Moïse discutindo com um homem, Jailton Pereira Campos, conhecido como Baixinho. Jailton aparece com um pedaço de madeira nas mãos e, em depoimento, disse que era para se defender do congolês, que o tinha ameaçado dizendo que já tinha matado quatro pessoas e que ele, o Baixinho, seria o próximo.

Carlos Fábio da Silva, o dono do quiosque Tropicália, ao lado de onde Moïse estava trabalhando e onde as agressões aconteceram, também prestou depoimento. Ele disse que o congolês apareceu bêbado para trabalhar e foi dispensado do serviço. Logo em seguida, ele começou a prestar serviços no quiosque ao lado, o Biruta.

No dia das agressões, Carlos contou ter recebido uma ligação de um dos envolvidos no crime dizendo que tinham batido no ‘angolano’, como Moïse era conhecido, e perguntando se as câmeras de segurança do quiosque estavam filmando. O dono do Tropicália desconfiou do questionamento e negou que tivessem imagens das câmeras e o Brendon Silva demonstrou alívio.

O advogado Rodrigo Mondego, que presta assistência à família de Moïse, repudiou as declarações e disse que elas são uma tentativa de desqualificar a vítima. A polícia entendeu que o imigrante não teve chance de defesa e que o trio usou meio cruel para agredir e matar Moïse. 

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