Racismo Estrutural

Criança negra manda carta ao pai perguntado se seria mais amado caso fosse branco

O menino de 9 anos é adotado por um casal de pais brancos. Como resposta, o pai disse que ama cada detalhe do filho. "Se mudar algo, você deixará de ser o meu Gui. E quero você do jeitinho que é", respondeu

Camilla Germano
postado em 02/02/2022 18:14
Guilherme e o pai, Gustavo Bregunci -  (crédito: Reprodução/Instagram @gustavobregunci)
Guilherme e o pai, Gustavo Bregunci - (crédito: Reprodução/Instagram @gustavobregunci)

O racismo estrutural impacta a vida de várias pessoas e famílias negras no Brasil. Vale lembrar que no país 54% das pessoas se identificam como negras, mas que isso não impede que muitas delas presenciam situações racistas no dia a dia.

Uma história chamou a atenção da internet sobre o assunto e emocionou os internautas. Uma criança negra, de 9 anos, moradora de Minas Gerais, mandou uma carta para o pai adotivo perguntando “se eu fosse branco, você e toda a minha família iam gostar mais de mim?”. O relato foi feito pelo pai do menino, Gustavo Bregunci, no Instagram.

Na rede social, Gustavo compartilha uma foto da carta enviada pelo filho Guilherme e diz: “Foda demais ler isso! Me culpei por não conseguir mostrar a ele que nosso amor nos basta, por não protegê-lo, por não deixar uma criança de 9 anos forte o suficiente pra encarar o racismo". 


Guilherme foi adotado por Gustavo e Karina Bregunci ainda quando bebê. Hoje a família inclui também Henrique, de 7 anos, e Felipe, de 5.

Gustavo compartilhou também a resposta que deu para a pergunta: “Ser seu pai é motivo de orgulho para mim. Amo você do jeito que é. Amo seu cabelo, seus olhos, seu nariz, sua boca, seu corpo, sua cor! Amo tudo em você. Se mudar algo, você deixará de ser o meu Gui. E quero você do jeitinho que é”, diz ele em um trecho.

Gustavo escreveu ainda para que o filho “não aceite nunca que alguém menospreze sua cor! O nome disso é racismo e já conversamos várias vezes: racismo é crime! Continue sendo essa criança fantástica. Continue querendo ajudar e dividindo o que você tem”.

Ao final da carta, Gustavo ainda pede para o filho fazer um ‘exercício’ ao terminar de ler a mensagem, pedindo para que ele vá a um espelho e diga frases como: “eu sou lindo”, “eu amo minha cor da pele” e “minha família me ama do jeito que eu sou”.

Ao final da postagem Gustavo ainda faz um alerta. “Até quando continuaremos aniquilando crianças negras? O racismo machuca a alma. Reduz o indivíduo. É covarde e cruel. Você já conversou sobre racismo com seus filhos? Alguma vez se preocupou em orientá-los? Não perca mais tempo: aproveite o domingão pra deixar pro mundo uma geração melhor que a nossa”, diz.

Veja a publicação na íntegra:

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