Com o avanço da ômicron, a ocupação de leitos públicos de unidade de terapia intensiva (UTI) para adultos com covid-19 está piorando. Os dados constam no boletim do Observatório Covid-19, realizado por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e divulgado ontem.
O levantamento explicita que o quadro da pandemia está piorando e que "isso não pode ser ignorado". Os pesquisadores dizem que mesmo com uma proporção menor de casos gerando internações em UTIs, os números se tornam expressivos por causa da grande transmissibilidade da ômicron.
Os números divulgados pela Fiocruz alertam para uma sobrecarga do sistema de saúde. O aumento nas internações levou o Distrito Federal (98%), Pernambuco (81%), Espírito Santo (80%), Goiás (82%), Piauí (82%), Rio Grande do Norte (83%) e Mato Grosso do Sul (80%) à zona crítica, com pelo menos 80% de leitos ocupados. Doze estados estão em alerta intermediário — com a taxa de internação entre 60% e 80%.
Entre as 25 capitais com taxas divulgadas, nove estão na em alerta crítico: Porto Velho (89%), Rio Branco (80%), Macapá (82%), Fortaleza (93%), Natal (percentual estimado de 89%), Belo Horizonte (95%), Rio de Janeiro (98%), Cuiabá (89%) e Brasília (98%).
Para a pesquisadora Margareth Portela, uma das colaboradoras do Observatório, a ômicron apresenta "um risco grande" à medida que há uma tranmissão sem precedentes da variante. "A vacinação tem feito a diferença e é muito pouco provável que alguém que tenha recebido reforço evolua para um caso grave. Mas ainda há uma grande quantidade de pessoas que sequer recebeu a primeira dose", alertou.
A tendência de internações e ocupações de leitos a curto prazo é aumentar. O infectologista Dalcy Albuquerque Filho alerta que haverá uma explosão de casos nos próximos dias e que o governo federal precisa aumentar o número de leitos com a reabertura de hospitais de campanha.
"O número de casos será maior do que as ondas anteriores, mas o que estamos esperando é que o tempo de duração do pico seja menor do que o visto anteriormente", disse.
Mesmo assim, o Observatório Covid-19 aponta o cenário atual como "muito diferente daquele observado em momentos anteriores mais críticos da pandemia, nos quais se dispunha de muito mais leitos". E observa que pessoas totalmente imunizadas são pouco suscetíveis às internações, mas comorbidades graves ou idade avançada podem deixá-las vulneráveis.