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Coordenador do Enem se demite e reabre crise

Responsável pela coordenação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), Anderson Soares Furtado Oliveira deixou, ontem, a Diretoria de Avaliação da Educação Básica do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Ele estava no posto havia apenas oito meses, e a exoneração — feita a pedido, segundo o governo — foi assinada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira.

O servidor estava no Inep desde 2013. Em novembro de 2021, Anderson se solidarizou com os servidores que pediram demissão de cargos comissionados do instituto durante uma crise institucional no órgão. Em ofício, o ex-diretor chegou a pedir pela valorização dos funcionários, dizendo que a alta gestão do Inep não fornecia "condições para os servidores e colaboradores trazerem excelência nas entregas".

Para substituir Anderson, foi escolhida a doutora em economia pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Michele Silva Cristina Melo, que já estava no Inep desde abril do ano passado. Ela ocupa o cargo de diretora de Estudos Educacionais do instituto.

"A diretora também responde como presidente substituta do Inep, prestando total apoio técnico ao presidente Danilo Dupas em sua importante missão à frente do Instituto". destacou o ministro da Educação, Milton Ribeiro, em uma rede social.

Substituições

Essa não é a primeira troca realizada no Inep nas últimas semanas. O diretor de Gestão e Planejamento, Alexandre Avelino Pereira, foi substituído por Jofran Lima Roseno, na semana passada. Já Joelma Kremer foi nomeada para o posto de diretora de Políticas e Regulação da Educação Profissional e Tecnológica, e Tassiana Cunha Carvalho para a Diretoria de Articulação e Fortalecimento da Educação Profissional e Tecnológica.

As mudanças ocorreram após o fim da aplicação da temporada de provas do Enem, que começaram em novembro e continuaram no começo deste mês.

O pedido de demissão de Anderson se soma à série de polêmicas envolvendo o Inep desde o ano passado — quando vieram à tona uma série de divergências entre a Associação de Servidores do Inep (Assinep) e a gestão do órgão; houve até mesmo uma operação da Polícia Federal, em dezembro, que desbaratou um grupo que superfaturava a impressão de provas. Em novembro, dias antes do primeiro dia de prova do Enem, a entidade que reúne os funcionários do instituto acusou a diretoria de interferir nas questões da prova — cedendo às pressões do presidente Jair Bolsonaro para que o exame deixasse de ter perguntas que o governo considera "ideológicas".

Fonte do Inep ouvida pelo Correio lembrou que a solidariedade de Anderson com os servidores, na crise do ano passado, pode ter pesado para que ele deixasse o posto. "Isso confirma o clima de insegurança e insatisfação que continua dentro do Inep. Além disso, mostra a necessidade de a gente avançar para ter uma legislação que garanta uma autonomia do Inep similar a que a Anvisa tem", disse a fonte.

*Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi