Vacina não causou distúrbio

A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo (SES) concluiu que a parada cardíaca sofrida por uma criança, em Lençóis Paulista, não foi causada pela vacina contra a covid-19 que ela recebeu. Na noite da última quarta-feira, a Prefeitura do município tinha publicado uma nota informando a suspensão da vacinação infantil contra o coronavírus após a menina, de 10 anos, sofrer a reação adversa 12 horas depois de se imunizar com uma dose da Pfizer — conforme recomenda o Ministério da Saúde para a faixa etária de 5 a 11 anos.

Por meio de nota, a SES assegurou que a criança foi reanimada em um hospital e segue em observação. Após a análise do Centro de Vigilância Epidemiológica, o imunizante foi descartado como motivo da parada cardíaca.

"Não existe relação causal entre a vacinação e quadro clínico apresentado", destacou a SES. O quadro clínico da criança foi decorrente de uma doença congênita rara, a Síndrome de Wolff-Parkinson-White, sobre a qual a família não tinha conhecimento.

"Essa é uma condição congênita que leva o coração a ter crises de taquicardia. Algumas dessas crises podem ter frequência muito alta, levando até a síncope ou morte súbita", explicou a nota da SES.

Segundo a secretaria, "todos os imunizantes aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) são seguros e eficazes". O uso da vacina pediátrica da Pfizer foi autorizado pela Anvisa em 16 de dezembro.

Defasagem de dados

Após o Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) constatar que o governo de São Paulo registra menos casos de covid-19 no estado do que a prefeitura da capital anota em suas estatísticas, a SES admitiu uma defasagem nos dados. Isso representa que infecções e mortes pela covid-19 podem estar subestimadas.

O governo paulista até disse que a prefeitura da capital não segue os critérios para diagnóstico estabelecidos pelo Ministério da Saúde, o que foi negado. Um fator possível para a discrepância é justamente o apagão de dados na pasta do governo federal — que, procurada pelo Correio, informou apenas que "todos os sistemas foram restabelecidos e não houve perda de dados".

"O apagão dos sistemas nacionais afetou não só São Paulo, mas todos os demais estados e municípios. As prefeituras e os serviços de saúde ainda podem inserir eventuais casos que não foram reportados no período da instabilidade dos sistemas federais", esclareceu a Secretaria de Saúde paulista.

*Estagiários sob a supervisão de Andreia Castro e de Fabio Grecchi