Autorizadas a voar com menos comissários por causa do avanço da variante ômicron e da alta nos casos de influenza, as linhas aéreas brasileiras podem ter que lidar com mais um percalço: os sinais de 5G nas torres dos Estados Unidos. Nesta quarta-feira (19/1), várias empresas precisaram reprogramar voos ou trocar os modelos de aeronave utilizados para levar passageiros a algumas cidades dos EUA.
No Brasil, a Latam informou que precisou trocar o Boeing 777 – que comporta até 410 passageiros – pelo Boeing 787, com capacidade para 300 pessoas, fora a tripulação, no trecho Guarulhos-Miami e o Boeing 767 no trecho Guarulhos-Nova York, que tem 221 lugares para passageiros. A opção foi feita porque o 777 não está na lista de autorizados pelas companhias de celular americanas. As alterações fizeram com que alguns clientes precisassem ser reacomodados, ação frequente nas últimas semanas em razão dos surtos de covid-19 e influenza entre a tripulação.
Em nota, a linha aérea disse lamentar a situação “totalmente alheia à sua vontade” e afirmou que “não está medindo esforços para comunicar diariamente a todos com a maior antecedência possível”. Dados da empresa de monitoramento aéreo FlightAware mostram que, no mundo, mais de 200 voos que tinham os Estados Unidos como destino ou origem foram cancelados nesta quarta-feira, além de 539 voos atrasados.
Companhias telefônicas americanas haviam concordado na terça (18/1) em adiar o acionamento do 5G perto de aeroportos. A decisão veio depois de reclamações sobre as possíveis interferências no funcionamento de aviões, mas não chegou a tempo de conter a onda de suspensões de voos. A Boeing disse estar trabalhando conjuntamente com outras áreas para encontrar uma solução para longo prazo.
O Ministério das Comunicações afirmou em nota ao Correio que o sinal 5G não deve apresentar risco à segurança para os voos que passem pelo Brasil. “A tecnologia 5G no Brasil, a ser implementada com o uso das faixas de 700 MHz; 2,3 GHz; 3,5 GHz; e 26 GHz, não apresenta qualquer risco a operação de aeronaves a exemplo do que tem sido verificado nos Estados Unidos. Desde o início de 2021, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) estuda a situação, considerando a essencialidade dos radioaltímetros (usados para calcular a altura das aeronaves acima do solo)e a segurança de voos”, explica a pasta.
*estagiária sob supervisão de Pedro Grigori
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