Bombeiros impedem 'expedição' de virar tragédia

Uma "expedição" chefiada pelo "coach" Pablo Marçal ao Pico dos Marins, em Piquete (SP), obrigou os bombeiros a montarem uma operação de resgate antes que pudesse terminar em tragédia. A subida reuniu 32 pessoas e foi feita em condições altamente desfavoráveis — forte chuva, ventos de mais de 100km/h, fora da época recomendada pelos especialistas e sem os equipamentos necessários. Segundo o capitão dos bombeiros e chefe da operação de resgate, Paulo Roberto Reis, a incursão foi uma "irresponsabilidade". "Ele foi totalmente irresponsável. Subir com um grupo de pessoas despreparadas e sem equipamento é colocá-las sob risco de morte. Essa foi a pior ação que a gente viu no Pico dos Marins", afirmou. Mas, pelas redes sociais, o "coach" tentou se defender: disse que não mandou ninguém acompanhá-lo, que a expedição tinha como objetivo testar a resiliência das pessoas e que são episódios assim que constroem a firmeza de caráter. Mais: atribuiu aos bombeiros papel meramente de "precaução" — dando a entender que, se as coisas saíssem do controle, a corporação estava avisada para agir. "O Corpo de Bombeiros não faz trabalho de precaução, somos um órgão público que atende emergência. Recebemos um chamado para mais de 30 pessoas perdidas, sem equipamentos, debaixo de chuva e pedindo apoio de resgate no Pico dos Marins. Foi isso foi o que o Bombeiro foi atender. E evitamos uma tragédia", contestou Reis. Outro bombeiro, Pedro Aihara — que atuou nos resgate da avalanche de lama de Brumadinho (MG) — criticou o "coach" duramente e o chamou de "fanfarrão". "Falar depois que o resgate foi concluído e que toda uma equipe foi empenhada na operação que ligaram 193 'por preocupação' é muito fácil. Quero ver na hora que estão no meio do aperto lá", postou. A foto mostra Marçal — que tem aproximadamente 2 milhões de seguidores numa rede social — durante uma ventania no Pico dos Marins.