Pandemia

Queiroga promete reforço no número de testes para covid-19 e influenza

Ministro da Saúde reconhece a insuficiência de testes para detectar infecção por covid e influenza, mas diz que governos estaduais e prefeituras são responsáveis pela solicitação e distribuição do material

Com a explosão de casos de covid-19 e influenza, prefeituras e secretarias de saúde lutam contra falta de estoque de testes para a detecção dos vírus das duas doenças. A dificuldade no Sistema Único de Saúde (SUS) fez com que o problema chegasse ao setor privado de medicina privada e de farmácias, pois quem procura pelos exames tem se queixado da dificuldades de agendamento e das poucas quantidades de kits para detecção da doença disponíveis.

Por causa disso, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, reconheceu, ontem, a necessidade de aumentar a distribuição de testes para acompanhar o aumento de casos da covid-19 e a expansão da variante ômicron. Mas frisou que a "responsabilidade não é só do governo", pois a distribuição dos exames depende da solicitação de estados e municípios.

Entre 27 de dezembro e 2 de janeiro, mais de 283,8 mil testagens foram feitas, número 50% superior ao de 20 a 26 de dezembro, de acordo com dados da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma). Nesse período, o volume de resultados positivos para covid pulou de 22,3 mil (11,8%) para 94,5 mil (33,3%).

Na última quinta-feira, o Ministério da Saúde se comprometeu com a distribuição aos municípios de mais de 6 milhões de testes contra a covid-19 do tipo antígeno, de um total de 30 milhões previstos até o fim de janeiro. A promessa veio depois que o Consórcio Conectar, ligado à Frente Nacional de Prefeitos, acionou a pasta pedindo apoio na implementação de estruturas adequadas de testagem para o novo coronavírus para deter o contágio e a circulação de novas cepas.

"Os testes serão distribuídos a partir de segunda-feira, garantindo a identificação, isolamento e monitoramento de casos. São essas as medidas capazes de impedir o crescimento da taxa de transmissão", disse Gean Loureiro, prefeito de Florianópolis e presidente do Consórcio.

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Descoordenação

Mas, para o infectologista Julival Ribeiro, desde o início da pandemia, faltou coordenação em relação ao combate à covid-19, e isso se reflete até hoje. "A saúde é um dever do Estado e direito do cidadão brasileiro. Estamos indo para o terceiro ano de pandemia e ainda há questionamento se os testes têm que ser oferecidos pelo governo federal, pelo governo estadual ou pela prefeitura. O importante é uma união de forças para que tenhamos testes suficientes para testar, além da covid, a Influenza", disse.

Ribeiro reforçou a importância da testagem, nesse momento de alta contaminação e disseminação da ômicron, para a covid e a gripe. "Os sintomas são semelhantes, e só os testes poderão dizer com qual das duas doenças a pessoa está infectada. Além disso, a testagem para a covid também é de extrema importância para controlar a epidemiologia da doença", explicou.

A situação poderia ter sido evitada caso o país tivesse planejado a produção de testes em escala suficiente. É o que acredita o professor do curso de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Alcides Miranda. "Como não houve a iniciativa e investimento, passamos a depender de importações, insuficientes no setor público. O governo federal é o único ente federativo que possui recursos e meios para agilizar importação, logística e distribuição", observou.

Com o avanço da ômicron, a urgência da distribuição é ainda mais necessária. "A letalidade só não vai ser maior, como ocorreu no mesmo período no ano passado, porque houve grande esforço de estados e municípios em atingir uma cobertura vacinal razoável. No entanto, poderá haver sobrecarga de serviços assistenciais, inclusive pelo afastamento de muitos trabalhadores de saúde infectados", advertiu.

*Estagiárias sob a supervisão de Fabio Grecchi