A taxa de ocupação dos leitos públicos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) por complicações causadas pela covid-19 está em ascensão no Brasil. No Distrito Federal, por exemplo, a ocupação chegou a 90,16%, de acordo com a Secretaria de Saúde do DF (SES-DF). Em São Paulo, a taxa se aproxima de 80%, pois houve um crescimento de 770% nos últimos 14 dias — o salto foi de 42 pessoas para 365. No Mato Grosso, a reabertura de 40 leitos de UTI para tratamento contra o novo coronavírus não foi suficiente para conter a demanda por vagas.
No DF, são 83 leitos de UTI disponíveis na rede pública de saúde. Desse total, apenas seis estão vagos — sendo cinco específicos para pacientes adultos. No último domingo, o secretário de Saúde, Manoel Pafiadache, determinou, em reunião extraordinária, a ativação de 10 leitos de enfermaria para pessoas que estejam com suspeita ou confirmação de covid-19, na unidade anexa ao Hospital Regional de Samambaia (HRSam). A pasta afirmou que as vagas serão disponibilizadas durante esta semana.
Em São Paulo, em 10 de janeiro eram 98 leitos de UTI-covid no sistema hospitalar da cidade. Mas, no dia de ontem, 474 vagas foram preenchidas — um aumento de 380% nas ocupações de leitos no setor público.
No Mato Grosso, a taxa de ocupação chegou a 84,66%. De acordo com o boletim de acompanhamento da covid no estado, 225 pessoas estão em UTI com a doença. O documento mostra 160 pessoas ocupando leitos voltados para tratamento da infecção.
No Amazonas, que nesta época, no ano passado, enfrentou uma crise de abastecimento de oxigênio e de falta de respiradores para os pacientes, cerca de 20% dos leitos de tratamento intensivo voltados para o coronavírus estão disponíveis.
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Avanço da ômicron
Segundo o infectologista Julival Ribeiro, as hospitalizações, o número de pacientes nas UTI e o número de mortes são os melhores termômetros para avaliar o avanço da variante ômicron no Brasil. "Se algum desses três (fatores) está elevado é preocupante, visto que as UTIs estão sendo ocupadas em alto grau", diz o especialista. Ele reforça que os vacinados têm menor probabilidade de serem hospitalizados e morrerem.
Na visão do infectologista, o Brasil corre risco de sobrecarga no sistema de saúde público e privado. "É necessário lembrar que os hospitais não atendem somente casos de covid, mas casos de influenza, infarto, acidentes. Se não estamos preparados para atender a todos esses pacientes, fica claro que corremos risco de colapso", salientou.
O também infectologista Hemerson Luz, do Hospital das Forças Armadas (HFA), explica as altas taxas de infecção: "Mesmo que tenha uma letalidade baixa, a variante ômicron, ao afetar muitas pessoas, proporcionalmente vai ter casos graves também em um número grande de pessoas", salientou. O especialista lembra que "a vacina representa uma gestão de risco. É diminuir o risco de um caso grave, pois a maioria das pessoas internadas não são vacinadas ou estão parcialmente imunizadas".
*Estagiárias sob a supervisão de Fabio Grecchi
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