Vendedores de cartões de vacina falsificados foram flagrados nas ruas do Rio de Janeiro nesta sexta-feira (21/1). A denúncia foi ao ar no telejornal local RJ1, da TV Globo. Durante a reportagem, dois homens são mostrados tentando comercializar o documento por até R$ 200. “Em branco para o senhor, tudo bom, roda no Rio de Janeiro todo”, diz o vendedor sem saber que estava sendo gravado.
A cidade do Rio ampliou a cobrança do comprovante de imunização para, praticamente, todos os locais públicos, comércios e pontos turísticos. Mas o que mais chamou a atenção foi um homem que vendia a versão digital do comprovante. Depois de negociar por algum tempo com o repórter disfarçado, ele acaba soltando uma bronca. “Agora, se o senhor quiser mesmo, o certo é tomar a vacina, entendeu? Não tomou por quê?”, pergunta.
O falsificador explicou que não é difícil montar a versão digital do comprovante. “Eu peço alguém para fazer online, a pessoa me manda e eu mando pra tu. É só um papelzinho escrito SUS só para você entrar aqui. A gente pede para outras pessoas fazerem para não ter que fazer isso aqui. Mas isso é só um bagulho feito em um cartãozinho no computador”, detalhou.
Já o primeiro vendedor aparenta ter um caminho mais longo até o documento falsificado. Segundo ele, o cartão em branco é extraído diretamente do posto de saúde da prefeitura de Mesquita, região metropolitana do Rio. O homem indicou ao repórter da TV como faria o preenchimento para que parecesse autêntico.
Este falsificador garantiu que nenhum cliente voltou para reclamar e contou que chegou a vender dez cartões de vacinação falsificados para uma mesma pessoa. “Bagulho é quente, pô, pode ficar tranquilo”, certificou.
Crime
A carteira de vacinação é um documento e sua falsificação é crime contra a fé pública com pena que varia de 2 a 6 anos de prisão e multa. A previsão está descrita no Artigo 297 do Código Penal e a punição torna-se mais grave se a pessoa flagrada cometendo o delito for funcionária pública.
Já quem adultera documento verdadeiro pode ser condenado por falsidade ideológica, com detenção de 1 a 5 anos e multa. Neste caso, ser servidor público também é considerado um agravante.
Movimento antivacina estimula a criminalidade
Delitos semelhantes foram registrados em outros lugares do mundo onde o passaporte da vacina foi adotado primeiro. Nos Estados Unidos, por exemplo, uma mulher foi descoberta ao tentar viajar com um comprovante de vacinação falso entre os estados de Illinois e Havaí. Os agentes de viagem desconfiaram porque o documento apresentado por ela tinha erros de digitação, segundo reportagem publicada no jornal New York Post em setembro de 2021.
Meses depois, em dezembro, um italiano foi pego tentando usar um braço de silicone para receber o comprovante sem tomar a vacina. Na época, o país começava a implementar a política do passaporte vacinal em praticamente todos os locais públicos. O incidente foi considerado grave pelas autoridades locais.
Também em dezembro de 2021, a França reportou a identificação de 182 mil passaportes vacinais falsos desde o início da exigência do documento, em junho do mesmo ano. Por lá, a pena para quem for pego cometendo tal crime é de prisão e multa de até 75 mil euros, cerca de 463 mil reais, na conversão atual.
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