Ao menos 15 estados brasileiros deram início, ontem, à campanha de vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a covid-19. Na sexta-feira (14), algumas capitais realizaram atos simbólicos, como São Paulo, que aplicou a 1ª dose no indígena Davi Seremramiwe Xavante, de 8 anos.
Nos postos de saúde da capital paulista, porém, o calendário oficial da imunização infantil só começará amanhã, conforme informado pela prefeitura.
A vacinação de crianças contra a covid-19 no Brasil começa um mês depois de a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ter autorizado o uso do imunizante pediátrico da Pfizer para essa finalidade. A campanha poderia ter sido iniciada antes, não fossem resistências do governo federal. O Ministério da Saúde, por exemplo, realizou uma consulta e uma audiência públicas para decidir sobre a vacinação, o que foi considerado desnecessário por especialistas.
O primeiro lote da vacina pediátrica da Pfizer chegou ao Brasil na quinta-feira, e 1.248.000 doses foram distribuídas aos estados e ao Distrito Federal. O último estado a receber os imunizantes foi o Acre, com um voo chegando na capital, Rio Branco, na noite de sexta-feira, segundo informações do Ministério da Saúde.
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Cronograma
De acordo com a pasta, a vacinação infantil contra a covid-19 ocorrerá em ordem decrescente de idade (das crianças mais velhas para as mais novas), com prioridade para quem tem comorbidade ou deficiência permanente e para crianças quilombolas e indígenas.
Ainda segundo o ministério, não é necessária autorização por escrito, desde que pai, mãe ou responsável acompanhe a criança no momento da vacinação. Além disso, o intervalo entre as duas doses deve ser de oito semanas — um prazo maior que o previsto na bula do imunizante da Pfizer, de três semanas.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que tem sido muito criticado pela demora para o início da vacinação infantil, afirmou que não é "despachante da decisão da Anvisa".
"O Ministério da Saúde é quem conduz a política pública, e o ministro da Saúde é a principal autoridade do sistema de saúde do Brasil. E eu, como ministro da Saúde, procuro atuar de acordo com a administração pública: moralidade, legalidade, transparência, publicidade e impessoalidade. A história vai me julgar, e eu trabalho diariamente para ter um bom julgamento da história", disse Queiroga, ontem, a jornalistas.
As declarações do ministro foram feitas na esteira dos recentes atritos entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres. Durante uma entrevista, o titular do Planalto afirmou que há "algo por trás" da decisão que autorizou a vacinação infantil contra a covid-19. Em resposta, Torres divulgou uma carta desafiando Bolsonaro a apresentar provas do envolvimento de funcionários da agência com corrupção. O presidente classificou a carta como "agressiva", mas manteve os questionamentos sobre a atuação do órgão regulador.
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