A situação é grave e nós não temos lideranças competentes a nível federal para lidar com esse problema. A posição é do neurocientista Miguel Nicolelis, que foi entrevistado no CB.Poder, parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília, nesta segunda-feira (10/1), sobre o enfrentamento do governo federal à pandemia do coronavírus. Para o especialista, com o surgimento da nova variante, a ômicron, é necessária a adoção de novas medidas de isolamento por parte dos agentes federais.
Nicolelis explicou que no momento que estamos vivendo no Brasil, com o aumento de casos, o apagão de dados é um agravante. “Com esse apagão, não temos a menor condição de estimar a realidade e quais os municípios e estados que estão sendo afetados, hoje mesmo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que o apagão no Brasil é preocupante, porque é um país que sempre teve a tradição de fazer estudos epidemiológicos e estimativas muito precisas”, disse.
O neurocientista também fez um alerta sobre a importância de diagnósticos precisos sobre a doenças que assolam o país. “O problema é que, em dezembro, começou a culpar a Influenza pelos casos gripais, mas ninguém testava para fazer o diagnóstico. Muita coisa foi catalogada como influenza, mas era covid”, acrescentou.
Especialistas afirmaram, recentemente, que a ômicron pode ser considerada uma variante “leve”, porém, Nicolelis discorda da afirmação. Para ele, a variante pode até levar a sintomas mais leves em pessoas já vacinadas, ou mesmo em pessoas não vacinadas. Porém, do ponto de vista populacional, uma variante que causa quase 3 milhões de infecções por dia no mundo, e, que leva sim a hospitalizações, não pode ser considerada leve.
“Se você gerar milhões de casos diários, mesmo que a fração de casos graves seja menor do que a delta, você ainda vai ter um número enorme de pessoas procurando serviços hospitalares e precisando ser internadas”, explicou.
O especialista assegurou ainda a dificuldade de prever o fim da pandemia. “É muito difícil estimar quando uma guerra complexa vai acabar, precisamos focar na batalha atual, que é reduzir o impacto da ômicron. A situação é grave e nós não temos lideranças competentes a nível federal para lidar com esse problema, ficou óbvio que o nosso ministro da Saúde não é do ramo”, lamentou.
Crianças
Por fim, sobre a vacinação de crianças de 5 a 11 anos, Nicolelis afirmou que não podia ter sido adiada, inclusive, por conta de uma consulta pública “que não tem comprovação científica nenhuma”. “A segurança foi comprovada e as doses estão entregues. Nos países que fizeram a vacinação, os efeitos de proteção foram constatados. O retorno às aulas sem a imunização de crianças nessa faixa etária é absurdo, vamos colocar em risco não só as nossas crianças, que já morreram pela Covid, mas as famílias, porque as crianças podem pegar ou transmitir”, disse.
*Estagiária sob supervisão de Ronayre Nunes
Saiba Mais
- Brasil Pesquisa do governo de São Paulo aponta que 84% dos pais querem filhos vacinados
- Brasil Retiro do Chalé: encontrado corpo de menina que viajava com família
- Brasil Após vazamento, CSN suspende atividades na mina Casa de Pedra, em Congonhas
- Brasil Ex-faxineira acusa delegado do RJ de racismo: "Me chamava de frango preto de macumba"
- Brasil Atendimento a mulheres vítimas de violência cresce 75% em São Paulo
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.