O convênio médico está longe de garantir assistência rápida nos prontos-socorros de Belo Horizonte nesta quarta-feira (5/1). Assim como as Unidades de Pronto Atendimento (UPA) da capital, os hospitais privados estão lotados de pacientes com sintomas respiratórios. Em diversas instituições, a espera por uma consulta ultrapassa três horas.
Ao longo desta manhã, o Estado de Minas percorreu quatro estabelecimentos de saúde das regiões Centro-Sul e Leste. O hospital Felício Rocho, no Bairro Santo Agostinho, era o mais movimentado. A fila para o atendimento, com quase cem pessoas, transbordava para a calçada. O público, em sua maioria, usava uma pulseira azul que, segundo funcionários da instituição, identifica pacientes com quadro gripal.
A técnica de enfermagem Heloiza Gomes diz que chegou ao local por volta de 9h. As 12h30, sequer tinha sido chamada para o preenchimento da ficha de triagem hospitalar. “E o pior é que não tenho para onde correr. Antes de vir para cá, tentei outros dois hospitais conveniados ao meu plano de saúde, que também estavam lotados. O jeito é aguardar”, conforma-se a jovem.
O aposentado Erlande Ventura também reclama da demora. Ele conta que veio acompanhar a esposa e a filha, que estão adoentadas. “Mais de uma hora que estou aguardando e ainda nem fiz a ficha. Está ruim para todo canto, para quem tem plano de saúde e para quem não tem”, queixa-se.
Aglomeração
No Hospital da Unimed, no Bairro Santa Efigênia, a reportagem contou ao menos 70 pessoas à espera de atendimento no segundo andar, ala destinada exclusivamente aos casos leves de síndrome gripal. No setor destinado à realização de testes de covid-19, o movimento também era intenso.
No Hospital Vera Cruz, situado no Barro Preto, cerca de 40 pacientes com sintomas gripais aguardavam assistência entre 11h e 11h30. O grupo era identificado por uma pulseira rosa, conforme informaram recepcionistas e seguranças.
A instituição chegou a reservar um espaço exclusivo a este público para evitar a propagação de viroses mas, diante da grande demanda desta manhã, a mistura foi inevitável.
Quem recorreu ao ambulatório do hospital Life Center esta manhã também não escapou das filas. Por volta de 10h30, 33 conveniados com sintomas gripais esperavam por uma consulta médica do lado de fora do saguão interno, onde foram reunidos para evitar a contaminação de outros pacientes. “Estou gripado, cheguei faz mais de uma hora. Todo lugar está assim, é um inferno”, diz o assistente administrativo Fernando Santos.
Os planos dos hospitais
O EM procurou os quatro hospitais percorridos esta manhã com os seguintes questionamentos: Quantos pacientes com queixas respiratórias foram atendidos desde segunda-feira (3/1)? De quanto foi o aumento da procura por pessoas com síndrome gripal desde o período anterior ao recesso de fim de ano? A instituição precisou reforçar o quadro de especialistas para atender a demanda? Qual o índice de ocupação de leitos por casos de covid-19?
Até a publicação desta matéria, apenas o Hospital Vera Cruz se manifestou. O Sistema Hapvida, detentora da Promed, que administra o hospital, informou que o estabelecimento ampliou em 100% a sua capacidade de atendimento de emergência antecipando crescimento das demandas de síndromes gripais.
"Apesar do crescimento no número de consultas, nas últimas semanas, não houve aumento nos casos internações relacionadas a síndromes respiratórias e nem óbitos", informou a nota enviada à reportagem.
Gargalo nas internações
A pressão sobre os serviços de saúde também se reflete na ocupação de leitos da capital mineira. Cerca de 75% de todas as enfermarias dedicadas ao tratamento de pacientes com a COVID-19 estão ocupadas. Todas as vagas disponíveis na rede do Sistema Único de Saúde (SUS) estão preenchidas.
Para evitar gargalo nos serviços, o Secretário Municipal de Saúde de Belo Horizonte, Jackson Machado Pinto, anunciou que a Prefeitura vai abrir mais 70 leitos até este fim de semana.
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