A chuva intensa que assola a Bahia nos últimos dias deve alcançar outras unidades da Federação, nas próximas horas, podendo causar mais destruição. Isso porque o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu, ontem, um alerta sobre a incidência de fortes tempestades em quase toda a região Sudeste e em parte do Centro-Oeste até a virada do ano.
Minas, por sinal, já sentiu os primeiros efeitos das tempestades e também registrou alto volume de chuvas. Até ontem, mais de 60 cidades haviam decretado situação de emergência, e pelo menos seis pessoas morreram por conta dos desastres. A Defesa Civil comunicou a interdição de quatro pontes e inúmeros pontos de alagamento. Os estragos se concentram principalmente no norte do estado.
O volume de precipitação de água pode superar os 200 mm no norte, centro e leste de Goiás, no Distrito Federal e no noroeste de Minas Gerais devido à chegada de uma massa de ar úmida e instável. Também devem ser registradas fortes chuvas no centro, no sul e no leste de Minas, além das regiões Serrana e Sul do Rio de Janeiro — nesses locais as chuvas devem variar entre 70 e 100 mm. Para piorar, pode haver queda de granizo nessas áreas, o que deve aumentar os prejuízos.
Segundo o Inmet, as chuvas excessivas são explicadas pela formação de um "corredor de umidade" — a chamada Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) —, responsável pelo excesso de chuvas. Nos próximos sete a 10 dias, esse fenômeno deve estar mais ao sul, o que deve aliviar a situação na Bahia.
Com a incidência do maior volume de chuvas, há possibilidade de fortes rajadas de vento e acúmulo de água em áreas encostas. Por isso, o Inmet também alerta para os riscos de deslizamento de terra e soterramentos.
Auxílio recusado
Por meio do Ministério das Relações Exteriores, o governo federal negou o pedido do governador da Bahia, Rui Costa, para a autorização de ajuda humanitária da Argentina às cidades do estado afetadas pelas chuvas. A oferta de auxílio do país vizinho foi anunciada pelo chefe do Poder Executivo baiano por meio das redes sociais.
A justificativa do governo para recusar a ajuda é que os recursos pessoal e financeiro seriam suficientes para enfrentar a emergência. O presidente Alberto Fernandes — de esquerda, inimigo político de Jair Bolsonaro e que, recentemente, recebeu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Casa Rosada, sede do governo argentino — ofereceu o envio imediato de profissionais especializados em água, saneamento, logística e apoio psicossocial para vítimas de desastres causados pela natureza.
As enchentes — que atingiram sobretudo a Bahia, mas, agora, ameaçam se espalhar por outros estados — tornaram-se motivo de hostilidades a Bolsonaro, e o fato de ele ter afirmado esperar não interromper a folga em São Francisco do Sul (SC) recrudesceram os ataques nas redes sociais. Desde terça-feira (28/12), o Twitter registra como trending topic a hashtag #BolsonaroVagabundo.
Como contraponto a enxurrada de críticas à postura do presidente, os bolsonaristas tentaram minimizar o desgaste, alegando que, embora ele não acompanhasse fisicamente a emergência social no Nordeste, ministros estavam nas regiões afetadas, como João Roma (Cidadania) — pré-candidato ao governo da Bahia — e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), que, aliás, saiu em defesa do chefe.
"Desde novembro, o governo federal trabalha na região, tecnicamente, coordenando a assistência, apoiando os municípios na elaboração dos pedidos e liberando recursos. Virou vale tudo para atacar Jair Bolsonaro", publicou.
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