O mês de dezembro chegou com fortes precipitações em grande parte do país. Bahia, um dos estados mais afetados pelo excesso de chuva, ainda contabiliza os estragos da água. Mais importante do que a perda material, vidas foram perdidas com enchentes inéditas no local.
Neste domingo (26/12), o estado totalizou 72 cidades em estado de emergência, e o panorama para os próximos dias não segue animador. As perdas podem frustrar a expectativas de diversas regiões de alavancar a economia com o turismo de fim de ano.
No mês de novembro, o Observatório da Bahia registrou um crescimento de aproximadamente 50% de passageiros nas rodoviárias e 57% nos principais aeroportos do Estado — incluindo o aeroporto de Ilhéus. A expectativa era de que em dezembro o segmento recebesse mais um boom. Mas, com as chuvas, planos de final de ano envolvendo o estado estão sendo postos em xeque.
Isvi de Freitas, 27 anos, psicóloga, tinha como destino para o Reveillón Ilhéus. Porém, com a situação de emergência na cidade, ela e as amigas não veem mais sentido em manter os planos. “Nosso grupo de amigos está indo para partilhar de um momento de lazer e alegrias depois de um ano intenso de trabalho, muita correria, responsabilidades e o lugar que escolhemos para viver momentos de alegrias tem passado por momentos conturbados, mais de 500 famílias da região Sul estão desabrigadas, algumas mortes de locais , animais perdendo seus habitats por força da natureza, a cidade está está em alerta de emergência, solicitando ajudando de outros municípios e até do Governo Federal e no meio de tudo isso estamos perdidos nos nossos planos”, comentou.
O caso de Wander Martins, 35 anos, publicitário, é parecido. O rapaz planejou uma viagem para Ilhéus, na última semana do ano, com amigos. “Por conta da vacinação e da flexibilização a gente programou uma viagem com bastante antecedência para não dar nada errado. Com toda essa situação ruim na Bahia, muita coisa que a gente queria fazer vai ter que ficar para outra vez”, contou ao Correio.
Além da frustração, Wander explicou que uma das preocupações é o caminho até lá, pois a intenção é pegar a estrada. “A nossa viagem vai ser de carro e as notícias que chegam é de estradas interditadas por conta de deslizamentos. É muito triste essas enchentes acontecendo agora, no final do ano. Muita gente perdendo tudo que tem, a situação de quem mora lá. Além de quem depende do turismo, que tinha a esperança de um final de ano lucrativo. Muita gente não vai conseguir chegar”, lamentou.
Reviravolta no tempo
De acordo com Clader Souza, metereologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) o fenômeno tende a diminuir nas próximas semanas. Ele foi ocasionado por uma Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZAS), que é quando uma frente fria passa pelo Brasil e fica estacionária em uma região do litoral. A formação entre a primavera e o verão, acontece pela canalização da umidade da Amazônia e percorre todo o caminho até a Bahia, passando pelo Norte, Centro Oeste e Nordeste.
“Desde ontem já começou a enfraquecer e hoje mais ainda. Então, as chuvas não terão potencial para provocar estragos ao longo da semana na Bahia, principalmente onde já está mais afetado, no sul do estado. Será restrita à pancadas de chuvas, não será mais constante. O maior perigo já passou”, previu o especialista. Segundo o monitoramento, nos próximos dias o volume pode superar até 30 mm, ou seja, três litros de água e atingirá mais para o oeste do estado. “Se concentrarão no setor oeste da Bahia ao longo da semana, regiões mais próximas ao Tocantins. Segunda e terça ainda podem ocorrer pancadas de chuvas, mas não mais constantes”, concluiu.