Chega a oito o número de mortes causadas pelas fortes chuvas no sul da Bahia e no norte de Minas Gerais. Com municípios ainda isolados, os dois estados tentam mapear os maiores danos. Neste domingo (12/12), aeronaves tiveram mais facilidade para sobrevoar algumas regiões e chegar a locais com restrição de acesso por terra. O balanço dos governos estaduais aponta que pelo menos 175 pessoas ficaram feridas e há cerca de 17 mil desalojados e desabrigados.
O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, informou, no domingo, que existem 25 municípios baianos aptos a apresentar projetos de enfrentamento às enchentes para terem acesso aos recursos da União. Marinho acompanhou o presidente Jair Bolsonaro em visita à região atingida pelas fortes chuvas na Bahia.
Segundo o ministro, serão liberados R$ 6 milhões a cinco prefeituras que já apresentaram propostas de enfrentamento à crise. Outros nove prefeitos devem contatar o governo federal com planos de contenção nos próximos dias. Os recursos devem ser repassados em até 72 horas depois do envio das informações à pasta.
Marinho informou que, a partir de 2022, o governo vai disponibilizar, antecipadamente, o abono salarial às famílias pertencentes às regiões atingidas. Ele ainda afirmou que o Ministério do Trabalho, em parceria com o Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Condefat), vai estender em duas parcelas o seguro-desemprego dos moradores afetados pelas enchentes.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que também integrou a comitiva presidencial, informou que a pasta atua em conjunto com os governos estaduais e municipais na disponibilização de 2,5 toneladas de insumos estratégicos para amenizar os efeitos da crise sanitária decorrente das chuvas.
Também de acordo com o governo, estão sendo enviados cestas básicas, água potável e demais itens de primeira necessidade para os municípios atingidos.
No sábado, a Caixa Econômica Federal anunciou que vai liberar o saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para a população atingida nos dois estados. Os valores serão disponibilizados para retirada após decretos municipais declarando o estado de calamidade e o reconhecimento do MDR, por meio de portarias. As vítimas poderão sacar até R$ 6,2 mil do benefício.
Afetados
Na Bahia, as enchentes afetaram a vida de 69.198 pessoas, além de deixar sete mortos e 175 feridos. Há, no estado, 6,4 mil pessoas desalojadas e 3,7 mil desabrigadas. Em alguns locais, o acesso é possível apenas de helicóptero. Em Minas, o governo contabiliza que, desde a última quarta-feira, um total de 5,5 mil desalojados apenas no Vale do Jequitinhonha e em Mucuri. As autoridades registraram um total de 1,7 mil pessoas desabrigadas, além de um óbito no município de Pescador, na região do Vale do Rio Doce.
Ao menos três barragens tiveram rompimentos nos dois estados, nos municípios de Crisólita (MG) e Apuarema (BA) — na qual residências chegaram a ser atingidas. Segundo a prefeitura mineira, o rompimento foi parcial: "As rupturas foram nas laterais, onde não há concreto, houve, portanto, uma vazão maior de água", esclareceu, no sábado. "A pressão sobre o lugar diminuiu, e os níveis de água também baixaram."
Críticas
O presidente Jair Bolsonaro (PL) sobrevoou, ontem, áreas afetadas na Bahia. Questionado sobre a situação dos moradores que perderam suas casas, o chefe do Executivo comparou a situação ao isolamento social determinado pelo governo estadual como medida sanitária para conter a disseminação da covid-19.
"Nós tivemos uma catástrofe no ano passado, quando muitos governadores, pessoal da Bahia, fechou todo o comércio e obrigou o povo a ficar em casa. O povo, em grande parte, informais, condenados a morrer de fome dentro de casa", disse. Em seguida, lembrou que o governo federal socorreu todos com o auxílio emergencial.
"O governo é sensível a esses problemas, pede a colaboração de todos para que se supere esse problema e também que não destruamos a economia em nome de seja lá o que for, apesar de respeitarmos e entendermos a gravidade que esse vírus tem proporcionado ao Brasil."
O governador da Bahia, Rui Costa (PT), também sobrevoou as cidades e rebateu o comentário de Bolsonaro. "Não tenho tempo para politicagem barata", disparou. O Executivo estadual considera que essa é a pior enchente registrada no local nos últimos 35 anos. (Com Agência Estado)