Queiroga recua, mas vacina em criança só com prescrição

Mais cedo, ministro havia dito que "os óbitos em crianças estão em patamar que não implica em decisões emergenciais"

Maria Eduarda Cardim
postado em 24/12/2021 00:01
 (crédito: Myke Sena/Ministério da Saúde)
(crédito: Myke Sena/Ministério da Saúde)

Apesar de parecer menosprezar mais uma vez as mortes por covid-19 de crianças no Brasil, chegando a dizer ontem que "os óbitos estão em patamar que não implica em decisões emergenciais", o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, recuou, encerrando o dia garantindo que o governo federal irá recomendar a autorização da vacinação de crianças de 5 a 11 anos de idade com a Pfizer desde que haja prescrição médica para receber o imunizante. A imunização do público infantil também não será compulsória e dependerá da vontade dos pais. Segundo ele, uma vez aprovada a orientação da pasta em avaliação final, prevista para 5 de janeiro, a aplicação de doses no grupo ocorrerá "em curto prazo".

O documento em que a pasta orienta a vacinação mediante prescrição médica foi disponibilizado nessa quinta-feira para consulta pública. "Ele recomenda o uso da vacina da Pfizer nessa versão aprovada pela Anvisa. A nossa recomendação é que essa vacina não seja aplicada de forma compulsória. Ou seja, depende da vontade dos pais. Os pais são livres para levar os seus filhos para receber essa vacina. E essa vacina estará vinculada à prescrição médica. A recomendação obedece a todas as orientações da Anvisa", disse Queiroga em conversa com jornalistas.

Em outro momento, o ministro indicou a necessidade da assinatura de um termo de consentimento para a vacinação da faixa etária. "Nós estamos deixando as famílias tranquilas para que elas possam livremente optar por vacinar ou não seus filhos após a orientação do médico e a assinatura de um termo de consentimento livre esclarecido", completou.

Depois que a recomendação passar pela consulta e audiências públicas, Queiroga garantiu que pode iniciar a campanha de vacinação "em curto prazo". "Esperamos as contribuições da sociedade, mas, de antemão, para deixar todos tranquilos, uma vez decidida pela aprovação dessa regra, que o grupo da Secovid trabalhou, nós já temos condições de começar essa vacinação dentro de uma prazo bastante curto", disse, sem indicar quando prevê o início da aplicação do grupo.

Segundo o ministro, o novo contrato do Ministério da Saúde com a Pfizer, assinado em novembro, que prevê a entrega de 100 milhões de doses, inclui vacinas para todas as faixas etárias inseridas na campanha de vacinação contra a covid-19 do Plano Nacional de Imunizações (PNI). Para Queiroga, o tempo entre a aprovação final da vacinação das crianças, marcada para o próximo dia 5, e o início da campanha "é tempo suficiente para que as salas de vacinação se preparem para a aplicação".

Ao dar o aval à vacina da Pfizer para crianças, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou a necessidade da elaboração de material e treinamento para evitar erros, já que a vacina da farmacêutica utilizada no público pediátrico é diferente do imunizante usado em adultos e adolescentes no país.

Postura

Apesar de adotar uma postura para "tranquilizar" as famílias, ontem, mais cedo o cardiologista reforçou não ter pressa para começar a vacinação já que "os óbitos em crianças estão absolutamente dentro de um patamar que não implica em decisões emergenciais". A fala foi duramente criticada por governadores e parlamentares.

A falta de urgência, segundo ele, "favorece que o ministério possa tomar uma decisão baseada na evidência científica de qualidade, na questão da segurança, na questão da eficácia e da efetividade".

Vale destacar que tanto a qualidade quanto a segurança, a eficácia e a efetividade da vacina contra o novo coronavírus da Pfizer para crianças foram atestadas pela Anvisa, em 16 de dezembro.

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