SAÚDE

Com surto de gripe, sobe número de internações por sintomas respiratórios

Chegada de uma nova variante do vírus da gripe, a H3N2, tem lotado hospitais e preocupado autoridades. Estados têm registrado uma maior procura à vacina contra a influenza

Gabriela Bernardes*
postado em 21/12/2021 18:15 / atualizado em 21/12/2021 19:20
 (crédito:  Douglas Magno/AFP - 1/6/20)
(crédito: Douglas Magno/AFP - 1/6/20)

Nas últimas semanas, os estados brasileiros se viram diante de um novo surto de doença respiratória: a gripe. Em estados como São Paulo e Rio de Janeiro, hospitais estão lotados e foram registradas mortes. A grande culpada é uma nova variante do vírus da gripe surgida na Austrália, a H3N2.

As internações por sintomas respiratórios aumentaram de forma brusca na capital de São Paulo. Nos últimos sete dias, foram computadas 1.170 internações, um crescimento de 47,5% em relação aos sete dias anteriores, quando houve 793 novos pacientes.

Alguns desses casos são tratados como suspeita de covid-19. A Prefeitura da capital paulista confirmou a circulação comunitária da variante ômicron na semana passada, quando foram contabilizados sete casos da variante entre pessoas que não tiveram contato com viajantes.

Entretanto, não é certo se o aumento ocorreu de fato baseado na variante do novo coronavírus ou devido ao surto de influenza. Isso se deve por causa da similaridade entre os sintomas das duas doenças.

O médico infectologista Werciley Júnior explica que, na maioria das vezes, a H3N2 não leva à internação. Mas, com o rápido avanço da gripe pelo país, a doença pode, sim, estar afetando os índices de internação. “Os casos de síndrome respiratória são quase 90% de influenza neste período. Esse aumento está sendo bem nítido em todo o país. Um aumento gradativo dos casos de H1N1 e H3N2 aumentou os quadros de doenças respiratórias, mas a gravidade em si de internação, intubação e período em UTI nem sempre está acompanhando. Mas, como aumentou muito a presença de infectados, às vezes é necessária internação”, disse.

No Rio de Janeiro, o surto da influenza já deixou 5 mortos e tem mais de 20 mil casos confirmados. Além do Rio, Alagoas e Bahia registraram mortes. No caso da Bahia, a paciente era uma idosa de 80 anos, internada em hospital privado de Salvador. Segundo a Secretaria da Saúde, a senhora chegou a tomar as três doses de vacina contra a covid-19, mas não o imunizante contra a gripe.

A capital carioca é uma das cidades que mais têm sofrido com o H3N2. O número de pessoas com sintomas de gripe na rede municipal na primeira quinzena de dezembro representa 82% dos registros nos 30 dias de novembro, segundo dados da Secretaria de Saúde.

Desde o início da semana passada, a Prefeitura da cidade começou a testar para covid-19 todos os pacientes com sintomas gripais que procuram a rede municipal.

A plataforma InfoGripe, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), faz levantamento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag). A plataforma mostra tendência de crescimento “muito alto” da síndrome a longo prazo em 10 estados brasileiros. São eles: Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Pará, Rio de Janeiro, Rondônia e São Paulo.

Vacinação

Com a expansão do número de casos de gripe, alguns estados têm registrado uma maior procura à vacina contra a influenza. Um levantamento da Associação Brasileira das Clínicas de Vacina (ABCVAC) mostrou procura nos últimos dias em São Paulo, Bahia e Espírito Santo.

De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 67,9 milhões de doses da vacina contra a gripe já foram aplicadas em todo o país. O número representa 71,2%, do público-alvo da campanha.

*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro 

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