PF golpeia quadrilha que usou jato da FAB

De acordo com as investigações, foram detectadas a aquisição de bens e movimentação de altas somas em espécie por Marcos Daniel

João Vitor Tavarez*

postado em 16/12/2021 06:00

Jato que serviu à comitiva de Bolsonaro foi usado por sargento da FAB para transporte de cocaína - (crédito: Johnson Barros/ Força Aérea Militar)

A Polícia Federal (PF) deflagrou, ontem, a 5ª fase da operação Quinta Coluna, que investiga o transporte de cocaína para a Europa por meio de aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB). Ao todo, foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão, em Brasília e em Florianópolis. Além disso, a Justiça Federal determinou o sequestro e bloqueio de imóveis, dinheiro e veículos de luxo dos alvos da operação. O objetivo da nova etapa foi buscar provas de lavagem de dinheiro realizada por Marcos Daniel Penna Borja Rodrigues Gama, apontado pela PF como chefe do esquema criminoso.

De acordo com as investigações, foram detectadas a aquisição de bens e movimentação de altas somas em espécie por Marcos Daniel, e que ele teria usado parentes como “laranjas” para dissipar os valores movimentados. Por causa disso, a Justiça mandou sequestrar e bloquear dois veículos de luxo, uma academia de ginástica e cinco imóveis. Também foram retidos R$ 1,6 milhão, que estavam na conta do suposto chefe da quadrilha, e R$ 2 milhões de um empréstimo feito pelo suposto chefe da quadrilha.

Segundo nota da PF, “apurou-se, ainda, a utilização de empresas de fachada para dissimular a propriedade de imóveis e movimentação de vultosas quantias”. Marcos Daniel Gama e os demais envolvidos poderão responder pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa, com penas que chegam a 13 anos de reclusão.

Segundo a FAB, nenhum militar da corporação foi alvo, ontem, de busca e apreensão ou de mandado de prisão no âmbito das buscas realizadas pela PF — e que a “investigação ocorre sob sigilo da justiça.”

A operação Quinta Coluna investiga o transporte de 37 kg de cocaína em aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB), do Brasil para a Espanha, em 2019. O caso veio à tona a partir da prisão, ao desembarcar na Espanha, do sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues em Sevilha, quando transportava drogas em voo que precedeu a comitiva presidencial em uma viagem oficial ao Japão. O presidente Jair Bolsonaro seguia em outra aeronave.

Fases

A primeira etapa da operação ocorreu em fevereiro de 2021. Na época, 15 mandados de busca e apreensão foram cumpridos. Em março, na fase 2, a Justiça determinou a prisão de três militares e da mulher de Manoel Silva Rodrigues. A justificativa foi que os investigados estavam envolvidos com o militar, que continua preso na Espanha, para fins de tráfico de drogas.

Na fase 3, em setembro, policiais federais cumpriram três mandados de busca e apreensão no Distrito Federal. As medidas judiciais buscavam reforçar provas diante do núcleo responsável por recrutar “mulas” para realizar o tráfico internacional de drogas nos aviões da FAB. E, em outubro, na quarta etapa, a PF prendeu preventivamente um suspeito de ameaçar testemunhas do caso.

*Estagiário sob a supervisão de Fabio Grecchi