O Departamento do Tesouro dos EUA, em medida inédita, impôs sanções a entidades envolvidas com o narcotráfico internacional. O Primeiro Comando da Capital (PCC) está entre os alvos da ação. Organizações criminosas de outros países, como China, Colômbia e México, também são alvo da nova política norte-americana contra as drogas, decretada ontem.
O presidente Joe Biden assinou uma ordem executiva para intensificar o combate ao tráfico de substâncias ilícitas. O Departamento do Tesouro identificou 25 grupos criminosos, incluindo o PCC. A ideia é asfixiar o fluxo de dinheiro dessas quadrilhas e evitar que se aproveitem do sistema financeiro norte-americano ou do braço de instituições cuja matriz é nos EUA, mas que atuam em outros países.
A decisão do governo Biden permite que o Departamento do Tesouro sancione os estrangeiros que, conscientemente, recebam bens que constituam ou sejam oriundos de atividades ilícitas relacionadas ao comércio de drogas. As sanções limitam, também, a capacidade desses grupos de se coligarem a pessoas ou quadrilhas norte-americanas para expandir os negócios.
Negócios ilícitos
O PCC, com profundas conexões com os produtores de cocaína e maconha colombianos, bolivianos, peruanos e paraguaios — que se aproveitam da grande extensão da fronteira brasileira —, foi incluído na lista do Tesouro norte-americano. O grupo criminoso, que nasceu no sistema penitenciário do estado de São Paulo, movimenta bilhões em várias modalidades criminosas como: tráfico de drogas e armas, lavagem de dinheiro, extorsão, assassinato de aluguel e cobrança de dívidas de drogas. De acordo com as autoridades brasileiras e norte-americanas, a atuação do PCC alcança ainda o mercado produtor e consumidor dos EUA, da Europa, da África e da Ásia.
"O tráfico de drogas ameaça a segurança nacional, a economia, as comunidades e as famílias. Com a nova Ordem Executiva do presidente Biden, o Tesouro conseguirá aplicar suas sanções com maior rapidez, poder e efeito em todo o ecossistema das drogas ilícitas, especialmente aqueles que lucram com a morte e a miséria. Vamos desmantelar os seus modelos comerciais, inclusive impedindo-os de utilizar o sistema financeiro dos EUA", disse Brian Nelson, subsecretário de Terrorismo e Inteligência Financeira do governo Biden.
Na ação de ontem, bens e interesses em propriedade de indivíduos ou entidades em território norte-americano, ou na posse ou controle de norte-americanos, serão bloqueados e listados no Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC). Empresas ou grupos que têm acesso, direta ou indiretamente, também sofrerão sanções.
A nova determinação do governo Biden estabelece, ainda, um novo organismo, o Conselho dos EUA sobre o Crime Organizado Transnacional (USTOC, na sigla em inglês) — entidade que será formada por representantes de diferentes organismos do Poder Executivo.
Na iniciativa de ontem, a ação se restringiu a 25 alvos (10 pessoas e 15 grupos), entre os quais o PCC, Los Rojos DTO e Guerreros Unidos (México), além de quatro sociedades criminosas e um narcotraficante chinês. A medida incluiu, ainda, 17 pessoas e grupos mexicanos e colombianos que já haviam sofrido sanções do governo dos EUA.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.