O juiz Orlando Faccini Neto, que comandou o júri dos réus da Boate Kiss, considerou este julgamento seu trabalho mais difícil. Segundo ele, foi complicado conjugar interesses de todos os lados e a emoção que o caso desperta.
“Acho que fizemos um bom trabalho. Espero que não se faça necessário um novo júri, é um desgaste enorme”, disse. Sobre o habeas corpus que livrou os réus de cumprirem pena em regime fechado imediatamente, afirmou que é parte do seu papel respeitar a decisão, apesar de discordar. “Meu sentimento sobre se concordo ou não parece evidente, tanto que a fundamentação da minha decisão foi bastante extensa”, observou.
Mas para o advogado Bruno Seligman de Menezes, que representou Mauro Hoffmann, um dos sócios da boate, o próximo passo deve ser recorrer da sentença. “A partir da semana que vem, com calma, com serenidade, sobretudo com técnica, vamos analisar todas as questões que foram pontuadas, tanto no plenário quanto ao longo do julgamento, e analisar a fixação da pena, para ver os recursos cabíveis”, disse.
Já a advogada Tatiana Borsa, que defendeu Marcelo de Jesus dos Santos, definiu a decisão do Conselho de Sentença como “a maior injustiça brasileira”. Mas afirmou que irá analisar o caso para recorrer.
“Eu acredito na Justiça e quero acreditar que a gente possa reverter. Claro que vamos recorrer. Tem algumas nulidades que ocorreram no tribunal do júri. Temos que respeitar a opinião e a opinião dos jurados, que achavam que eles tinham intenção de matar todo mundo”, argumentou.
A assessoria de imprensa do advogado Jader Marques, que defendeu o réu Elissandro Spohr, preferiu não se manifestar. A defesa de Luciano Bonilha Leão, representada por Jean Severo, não se manifestou até o fechamento da edição. Porém o réu se manifestou em seu Instagram, afirmando que “está esperando ser preso”.
“Quando eu tiver que ser preso, vou ser preso. Cadeia não foi nunca o que eu imaginei na minha vida, mas acho que agora Santa Maria já tem a justiça que os pais queriam. Mesmo sabendo que tinha um cara que foi para trabalhar e entrou nessa situação”, justificou.
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