Nesta terça-feira (7/12), Maria Eduarda Marques de Carvalho, economista, concedeu uma entrevista ao portal g1 onde denuncia agressões sofridas por ela, ao longo de 25 anos, no relacionamento com Pedro Eurico, secretário de Justiça de Pernambuco. Após a entrevista, Eurico pediu afastamento do cargo que exercia.
Maria Eduarda chegou a registrar dez boletins de ocorrência contra o ex-marido, a última feita em novembro. "Ele batia, dava murro, dava chute. A vida inteira. Ele sempre me bateu", declarou.
A assessoria da TV Globo, entrou em contanto com o secretário que também é presidente do Conselho Nacional de Secretários de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Administração Penitenciária, mas ele preferiu não gravar entrevista. Em nota ele afirmou que as "denúncias improcedentes de agressão datam de mais de 10 anos e muitas destas foram retiradas pela suposta vítima". (nota disponível na íntegra ao final da matéria).
Maria Eduarda relatou que resolveu se pronunciar por ter medo de morrer. "Eu não tinha mais condições de continuar vivendo do jeito que eu estava vivendo, sendo ameaçada, sendo perseguida. Então, eu achei que estava muito próxima da morte. Por conta disso, eu resolvi falar para que não apareça depois apenas a notícia: ela morreu. Eu gostaria apenas de viver. Muita vontade de viver ainda", declarou.
Ela disse ainda que Pedro Eurico vinha fazendo mais ameaças nos últimos tempos, com insinuações sobre o que poderia fazer com ela. “[Ele] me acordava de madrugada dizendo que eu saísse de casa naquela hora porque ele tinha acabado de sonhar que me matava. Outro dia, ele dizia que ia acontecer um acidente, ia aparecer um acidente e ninguém ia desconfiar que era ele que tinha mandado fazer alguma coisa”, afirmou.
Para Maria Eduarda, o fato de ser político faz com que Pedro Eurico se sinta à vontade para fazer o que faz com ela. “'Como é que alguém vai acreditar em Eduarda? Ninguém vai acreditar em Eduarda. Ninguém vai entender o que você está falando'. Ele sempre me falou isso. Também, por isso, passei tanto tempo acreditando que, por ele ser político, circular nesse meio do poder, eu nunca conseguiria sair”, afirmou.
A Delegacia da Mulher de Paulista abriu um inquérito para investigar a denúncia mais recente. Os delegados ouviram algumas testemunhas. "Passei a minha vida inteira com medo dessa pessoa. Não só em relação a mim, mas em relação aos meus filhos, minha família e todas as pessoas que vivem uma relação (que) dessa sabem o quanto é difícil quebrar esse ciclo, sair, ter coragem de viver. Porque eu não tinha vida. Mas é muito difícil porque, mesmo você tentando sair, a morte parece que está sempre próxima”, relatou Maria Eduarda.
Em nota, a Polícia Civil de Pernambuco informou que casos de medida protetiva tramitam em sigilo, de acordo com a Lei Maria da Penha. Com isso, não poderia repassar informações sobre a investigação. A polícia não respondeu sobre as outras nove queixas feitas entre 2000 e 2010 por Maria Eduarda contra Pedro Eurico.
O Tribunal de Justiça de Pernambuco também informou que não poderia falar sobre a medida protetiva por ser um processo que corre em segredo de Justiça, e que não encontrou, no sistema, nenhum processo relacionado ao secretário e à ex-mulher.
Resposta de Pedro Eurico na íntegra:
"Com referência às acusações apresentadas por minha ex-esposa Maria Eduarda Marques de Carvalho, é importante esclarecer:
As denúncias improcedentes de agressão datam de mais de 10 anos e muitas destas foram retiradas pela suposta vítima perante a Justiça.
Estivemos casados inicialmente, no período de 27 de setembro de 2003 e nos divorciamos em 30 de abril de abril de 2008. Ao longo dos últimos anos de convivência e de um novo casamento, realizado em 2012, cujo divórcio aconteceu em 08 de novembro deste ano, inexistem denúncias apresentadas pela senhora Maria Eduarda, causando estranheza o requerimento de medida protetiva justamente no período em que se discutia a possibilidade de uma dissolução consensual.
Foge à realidade a acusação de tentativa de invasão do imóvel recentemente adquirido, haja vista que fui o responsável pelo pagamento da reforma do imóvel concluída exatos três dias antes da apresentação da denúncia perante a Polícia Civil do Estado e compareci ao apartamento inabitado para verificar a conclusão dos serviços. Nesta data, fui impedido de entrar no apartamento por minha ex-esposa devido a troca das fechaduras numa patente manobra patrimonial.
Lamentamos as inverdades envolvendo minha vida pessoal, e exposição na imprensa em uma sórdida trama de interesse patrimonial."
O Correio também tentou entrar em contato com Pedro Eurico pelo escritório da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos para conceder direito de resposta, mas não foi atendido. O espaço segue aberto.
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