Para debater sobre inovações nos sistemas de saúde, o CB Fórum Live, realizado pelo Correio em parceria com a Roche, reuniu vários especialistas do setor nesta segunda-feira (6/12). O evento também mostrou casos de sucesso na melhoria da saúde, e foi transmitido pelas redes sociais do jornal.
Na segunda rodada de palestras — cujo tema foi eficiência da saúde na era da Inteligência Artificial —, André Marques, sócio diretor da AT Saúde e fundador do CliqueSUS, destacou que para uma melhor eficiência na saúde é preciso haver integração dos dados do paciente. "Acontece que o dado está nas mãos do plano de saúde e do laboratório do exame, e quando você quer olhar o histórico do paciente, é muito difícil, seja no SUS (Sistema Único de Saúde), seja no privado", disse.
“Então a ideia é que integrando os diferentes atores, todos se beneficiam, pois assim há melhora do sistema e, com isso, diminui a ocorrência de exames desnecessários e do paciente passar em até quatro médicos da mesma especialidade”, exemplificou.
Marques comentou sobre os desafios para uma melhor gestão dos dados de saúde. “Conforme os modelos de cuidado evoluem, é preciso melhorar a coleta de dados (dos pacientes) ou, ainda, coletar dados novos, como o que aconteceu com o paciente”, afirmou.
Nesse sentido, Marques aponta cinco principais eixos para aprimorar a coleta de dados, sendo: desfecho, exames, dados estruturados, acompanhamento do paciente e interoperabilidade. “Hoje já se fala muito em prontuário eletrônico, que, no entanto, não é um dado estruturado”, disse.
“Nem sempre é fácil trabalhar com prontuário eletrônico, pois alguns são simplesmente um bloco de notas em que o médico escreve da forma que bem entender durante o atendimento”, completou.
Assim, conforme André, fica difícil trabalhar com os dados. “Então esse já é um ponto que podemos usar a Inteligência Artificial para estruturar os dados. Ela pegaria as informações do prontuário eletrônico, e organizaria de acordo com os procedimentos (clínicos)", sugeriu.
O especialista aponta que, à medida que os dados estão estruturados, é possível acompanhar o paciente ao longo do tempo, personalizando o tratamento clínico. “Não adianta apenas olhar a foto dele em determinado momento. É preciso entender o que ele fez, por onde passou , medicamentos usados de modo a direcionar um tratamento específico”, defendeu.
Como organizar os dados?
A ideia, segundo André Marques, é organizar os dados a partir de diferentes fontes. “Seja do prontuário eletrônico, do exame em laboratório, do Apple Watch (relógio), do celular que capta o número de passos, juntar os dados e criar modelos a partir disso”, explica.
O especialista define como "escore de risco” do paciente, por meio do qual é possível traçar uma linha de cuidado específico ao usuário.
Sincronização
Por fim, Marques avalia que as metodologias de gestão de dados não são transparentes. “Os dados estão aí. Todos os atores têm acesso ao mesmo dado, como Data SUS e indústria, por exemplo. A questão é como transformar o dado em uma informação relevante”, disse.
Isso porque, segundo o painelista, quando um gestor privado ou público for discutir com a indústria, os dois saibam as limitações de cada um. “O grande desafio hoje, é fazer com que os órgãos públicos falem a mesma língua que a indústria”, sugeriu.
*Estagiário sob a supervisão de Pedro Grigori
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