O vareador de Caruaru, no agreste pernambucano, Val lima (PSL) afirmou durante uma plenária na Câmara de Vereadores, nesta quinta-feira (26/11), que "nunca viu discriminação de pessoas de pele escura".
O político disse, na tribuna, que foi procurado por uma amiga negra que teria pedido para ele fazer algo contra o discurso de que negros sofrem racismo. "Eu não tenho visto essa questão de discriminação. Tenho visto pessoa querendo tirar proveito. Eu convivo com pessoas negras todos os dias, inclusive a família da minha mulher 'são' pessoas de pele escura, e eu não percebo, não veja essas coisas na rua, não vejo em lugar nenhum", disse.
Na sequência, o também vereador Galego de Lajes (MDB) pediu a palavra para complementar a fala do colega. Além de concordar com Val Lima, Galego afirmou que a população LGBTQIA+ morre mais porquê ela estaria envolvida com crimes. "Matam-se muitos gays e travestis, 'tal', o pessoal aí. Morrem, realmente. Claro que há discriminação e a gente tem consciência disso, mas a grande maioria dos assassinatos dessas pessoas, também são porque eles são envolvidos com crime, com a criminalidade", afirmou.
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O Brasil é o país que mais mata pessoas transexuais no mundo, segundo a Trans Murder Monitoring (Observatório de Assassinatos Trans, em inglês). De acordo com dados do Grupo Gay da Bahia (GGB), a cada 19 horas, uma pessoa LGBTQIA+ é morta no país. Já os negros têm mais do que o dobro de chance de serem assassinados no Brasil, de acordo com o Atlas da Violência de 2021. O grupo representa 77% das vítimas de homicídio no país.
O debate dos vereadores ocorreu em meio a uma discussão sobre Direitos Humanos e no mês que é celebrado o Dia da Consciência Negra.
A Subseção de Caruaru da ordem dos Advogados do Brasil (OAB) emitiu uma nota em que repúdia a fala dos vereadores. "A afirmação de que a população LGBTQIA+ é morta por envolvimento com a criminalidade, além de ser preconceituosa, minimiza a homofobia e transfobia, que infelizmente é uma realidade no nosso país", diz a nota.
Os povos de Terreiros de Caruaru também emitiram uma nota repudiando as afirmações."Mostraram total descaso e agressão quanto a luta pela igualdade racial, pela igualdade de gênero, pelos Direitos Humanos e pelas pessoas que promovem", diz.
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