Contrariamente a posição do Ministério da Saúde, a Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou, nesta quarta-feira (24/11), por unanimidade, que a vacinação de reforço contra a covid-19 seja feita, preferencialmente, com uma vacina homóloga, ou seja, do mesmo imunizante recebido no esquema primário de vacinação (duas doses ou dose única).
A recomendação da dose de reforço homóloga serve para vacinação com as vacinas da Pfizer, AstraZeneca e Janssen, já que estas solicitaram ao órgão regulador inclusão de uma dose adicional das vacinas nas respectivas bulas. Nesta quarta (24), inclusive, a Anvisa aprovou a alteração na bula da vacina contra a covid-19 da Pfizer, e incluiu a aplicação de uma dose de reforço para pessoas com 18 anos ou mais que tenham tomado a segunda dose da vacina há pelo menos seis meses.
Dessa forma, somente quem tomou a CoronaVac, vacina produzida pelo Instituto Butantan no Brasil, deve, preferencialmente, receber uma dose de reforço de uma vacina diferente, sendo preferida a vacina da Pfizer, a única de mRNA aprovada no Brasil. Isso acontece, segundo a Anvisa, porque, até o momento, o Instituto Butantan ainda não pediu à agência reguladora brasileira a inclusão de uma dose de reforço da própria vacina na bula do produto.
"Recomenda-se preferencialmente, vacina heteróloga da tecnologia mRNA aprovada pela Anvisa, para o esquema da vacinação de reforço referente ao esquema primário da vacina Coronavac", diz trecho do voto da diretora relatora Meiruze Freitas. Além disso, a decisão de se recomendar, preferencialmente, a dose de reforço da Pfizer para quem tomou as duas doses da CoronaVac foi feita baseada em publicações científicas, bem como nas decisões das autoridades internacionais.
A decisão de hoje foi aprovada por unanimidade na 18ª Reunião Extraordinária Pública da Diretoria Colegiada na Anvisa.
Divergências
Na última semana, quando a pasta anunciou a ampliação da aplicação da dose de reforço para toda população adulta brasileira, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, indicou que a dose adicional deve ser, preferencialmente, feita com uma vacina diferente daquela que a pessoa recebeu anteriormente.
"É o que nós chamamos de vacinação heteróloga. Essa decisão é apoiada na ciência. Temos dados que embasam isso e mostram que o imunizante com a tecnologia do mRNA é o mais adequado. Então, a dose adicional de reforço é feita com a vacina Cominarty (da Pfizer)", ressaltou o ministro.
Em entrevista coletiva após a reunião da diretoria colegiada, a diretora relatora Meiruze Freitas afirmou que não é necessário fazer alarde para quem tomou uma dose de reforço com uma vacina diferente da aplicada anteriormente.
"Essas recomendações podem ser aprimoradas ou modificadas após a aprovação dos protocolos submetidos à Anvisa e quando avaliadas novas evidências científicas", ressaltou a diretora.