Oito estados estão atrasados para a aplicação das provas do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2021 devido ao atraso na entrega dos malotes com os cadernos dos testes. O alerta é do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e a situação preocupa devido à aplicação das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) — marcadas para os próximos dias 21 e 28. Isso porque os gestores correm o risco de ficar sem tempo para aplicar as avaliações antes da data do Enem.
As avaliações do Saeb deveriam ter começado, em todo o Brasil, em 8 de novembro, mas nem todos os estados receberam os malotes com os testes. A prova é uma avaliação do desempenho dos estudantes em várias etapas de ensino e é com base no resultado que se chega ao Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
De acordo com o Consed, Piauí, Paraíba, Rio de Janeiro, Maranhão, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Sergipe e Ceará foram prejudicados no Saeb. A maioria começará a aplicar os testes nesta semana, mas Sergipe só o fará dia 20, véspera da primeira prova do Enem.
"Naquilo que foi combinado com o Ministério da Educação (MEC) há alguns meses, haveria uma janela para aplicação desta avaliação em larga escala, em todo o país. O que a gente está falando é o de encurtamento dessa janela", avaliou Vitor de Angelo, secretário de Educação do Espírito Santo e presidente do Consed.
Ângelo também afirma que as redes estaduais poderão ter conflito com os calendários de aplicação do Enem. "Essa janela mais curta pode desmobilizar os estudantes no segundo dia de aplicação do Enem, haja vista que o calendário de um acaba chocando-se com o do outro", disse.
A crise no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) preocupa estudantes que vão prestar a prova nos dois próximos finais de semana. Gabriela Vieira Rosa, 16 anos, estudante do Colégio Lato Sensu, em Manaus, está no segundo ano do ensino médio e fará o Enem como teste, mas admite que se sente insegura. "Espero que os estudantes não sejam afetados negativamente por essa crise no Inep. Tenho medo de a prova não ocorrer ou acontecer algum problema, que pode prejudicar drasticamente", disse.
Esther de Oliveira Damasceno, 17, estudante do Centro Educacional do Lago Sul, fará a prova pela segunda vez. A jovem afirma que a crise do Inep prejudicou estudantes tanto no estudo quanto na saúde mental. "Meu desempenho poderia ser melhor se o Inep entendesse que nem todo mundo teve condições de estudar ou tirar uma boa nota. Não imagino que terei uma boa nota esse ano. A crise na instituição só aumenta essa insegurança", afirmou.
Requerimento
A senadora Leila Barros (Cidadania-DF) apresentou, na semana passada, um requerimento pedindo ao Tribunal de Contas da União (TCU) que realize uma auditoria operacional do Inep, em especial no que se refere à elaboração e aplicação do Enem e do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). "Pedimos a realização de auditoria pelo TCU (...) quanto à capacidade operacional daquela autarquia para o exercício das suas atribuições legais, em especial para a realização das provas de avaliação da qualidade da educação", salientou.