Apesar das mais de 30 baixas de funcionários responsáveis pela realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o Conselho Nacional de Educação (CNE) apresentou as recomendações para o novo formato do certame, que deve ser aplicado em 2024. A prova deve ter duas etapas: a primeira, de conhecimentos gerais; e a segunda, voltada para quatro áreas profissionais.
A mudança no Enem é uma exigência da lei. Isso porque, a partir de 2022, as escolas precisam oferecer o novo ensino médio, que dá flexibilidade aos alunos para escolher parte do currículo, de acordo com suas preferências e aspirações no mercado de trabalho. Assim, a nova prova terá de avaliar também o direcionamento profissional.
Divisões
A proposta do parecer da ex-presidente do CNE, Maria Helena Guimarães de Castro, é de que a segunda etapa do Enem — especificamente voltada para as profissões — seja dividida em: 1) Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática, classificando alunos para cursos de Engenharia, Química, Computação, entre outros; 2) Ciências Sociais Aplicadas, para vagas em Economia, Administração e Direito; 3) Humanidades, Linguagens e Artes, para faculdades de Filosofia, História, Pedagogia e assemelhados; e 4) Ciências Biológicas e Saúde, para Medicina, Enfermagem, Meio Ambiente, entre outros.
O documento está desde ontem disponível para consulta pública e será votado no CNE em dezembro. Não foi proposta uma prova específica para quem optar por fazer ensino técnico com o médio.
Se aprovado, o Inep deve começar a elaborar o exame a partir dessas diretrizes. Mas, com a debandada de técnicos na última segunda-feira, a preocupação de Maria Helena é "como e quando" isso seria feito.
"O MEC precisa se preparar, contratar consultores, fazer investimento em dinheiro e técnico para ter um novo banco de itens (perguntas da prova)", explicou. O parecer diz, ainda, que a prova pode ter questões dissertativas e não apenas de múltipla escolha.
Maria Helena ouviu secretarias, entidades, universidades e analisou um estudo de experiências internacionais. Muitos dos países analisados têm uma prova geral e outra com escolha dos estudantes — a maioria disponibiliza questões discursivas e algumas orais.