Um levantamento realizado pelo MapBiomas constatou que, entre 1985 e 2020, as áreas urbanizadas no país dobraram. O maior crescimento registrado, nas últimas três décadas, se deu na Amazônia, Caatinga e Cerrado, com taxas superiores à média nacional. Isso significa consequentemente o aumento de aglomerações populacionais, que já chega a 4,66%. As imagens captadas por satélite mostraram áreas informais que equivalem a 95 mil campos de futebol, o aumento dessas ocupações está ainda diretamente ligada a períodos de retração do PIB.
Liderada por São Paulo, as 20 maiores aglomerações populacionais do País concentram 30% das áreas urbanizadas. A Amazônia lidera, com 18,2%, o crescimento das ocupações informais do território, seguida por Rio de Janeiro (174.534 ha), Brasília (89.243 ha), Belo Horizonte (87.121) e Curitiba (74.239 ha). Nas duas grandes capitais da região norte, a informalidade tem sido a regra nos últimos 36 anos, já que, nos dois casos, os percentuais se mantêm acima dos 50% – Manaus com 48% e Belém com 51%.
As imagens também captaram ocupações desordenadas em áreas com declive maior que 30%, ou seja, com risco de deslizamentos. Elas estão predominantemente localizadas em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Espírito Santo e São Paulo, mas começam a ser percebidas nos Estados do Amazonas, Paraná, Rio Grande do Sul, Alagoas, Pernambuco e Bahia.
“A combinação desses dois dados deve acender uma luz amarela para os gestores públicos porque eles criam as condições perfeitas para desastres urbanos”, explica Júlio Cesar Pedrassoli, um dos coordenadores do mapeamento de infraestrutura urbana do MapBiomas.
Áreas naturais x áreas urbanas
O levantamento mostrou, ainda, que as novas áreas urbanas eram áreas de pastagens e ou de uso misto de agricultura e pastagem (34%) e de vegetação nativa (13%), em 1985.
Dos mais de 388 mil hectares de vegetação nativa que foram convertidos para áreas urbanizadas ano-a-ano, 33% estavam no Cerrado. A região detém um quinto das áreas urbanizadas do país, foi o bioma que mais perdeu vegetação nativa para a expansão urbana. Em segundo lugar vem a Amazônia, com 32%, quase três vezes a média nacional.