Minas Gerais

Homem comete homofobia, injúria e faz ameaças de morte e estupro na web

'Você tem que ser estuprada. Só para isso que você presta!', disse agressor para uma das vítimas; ataques foram contra pessoas em Juiz de Fora

Um homem ainda não identificado pelas autoridades policiais abordou diversas pessoas no Instagram e cometeu os crimes de homofobia e injúria racial. A reportagem do Estado de Minas conversou com algumas das vítimas no domingo (31/10) e nesta segunda-feira (1/11) e apurou que o agressor também teria realizado ameaças de morte e estupro.

Os ataques foram direcionados contra pessoas que residem em Juiz de Fora, na Zona da Mata, e aconteceram na quinta-feira (28/10) e na sexta-feira (29/10). As vítimas registraram boletins de ocorrência junto à Polícia Militar e produziram provas das agressões por meio de prints (capturas de tela) e vídeos.

“Volta pra África! Macaca! (...). Cabelo duro! (...). Você tem que ser estuprada. Só pra isso que você presta! Eu não ligo para o que preto pensa. Eu sou superior a você”. Estas foram algumas das palavras do agressor contra a estudante Graziele Cláudia Matias Campos Batista, de 24 anos, que foi surpreendida com a abordagem criminosa em mensagem privada recebida pelo Instagram.

“Eu senti um misto de sentimentos. Fiquei com muita raiva, mas também senti muito nojo. Não acredito que passei por isso. Sinto-me inútil por não saber quem é”, desabafa a estudante, acreditando que o agressor utilizou um perfil falso para praticar os crimes.

O ataque aconteceu após Graziele tentar defender um amigo, que foi chamado pelo agressor de “pintoso” e “afeminado”, além de receber comentários sobre seu órgão genital. “Meu amigo pediu para bloqueá-lo e denunciá-lo na rede social. No entanto, antes disso, eu publiquei um comentário no Instagram dele para que outros soubessem o que ele tinha feito. Foi aí que ele me enviou a primeira mensagem privada”, conta a estudante.

Graziele explica que inicialmente, em mensagem de texto, o indivíduo foi muito educado, mas não queria continuar a conversa escrevendo ou enviando áudio. “Por que você está me acusando de homofobia? Posso te ligar?”, escreveu o homem no primeiro contato com a jovem.

“Creio que a intenção fosse não deixar provas dos crimes. Por isso, ele foi muito insistente em fazer uma ligação [chamada de voz pela rede social]. Eu não queria atender, mas acabei cedendo. No entanto, fiquei desconfiada e acionei a gravação de tela por meio de um aplicativo do meu celular. Deste modo, consegui registrar as ofensas”, explica a estudante, que, além de publicar a gravação nas redes sociais, registrou um boletim de ocorrência junto à PM na última quinta-feira.

A publicação de Graziele em seu perfil no Instagram, com o flagrante das agressões, gerou uma onda de revolta e, segundo ela, foi desta forma que outras vítimas identificaram o criminoso e entraram em contato com ela. Uma dessas pessoas foi o estudante Gabriel de Paula, de 20 anos.

Na madrugada do dia 25 de outubro, o homem encaminhou uma mensagem privada, acompanhada de uma foto do jovem em um parque aquático, e fez críticas ao seu corpo. “Faça uma dieta e uns exercícios. Olha o tamanho da barriga. As banhas todas molengas. Que corpo nojento. Lugar de porco, baleia e elefante não é na piscina, mas no zoológico”, escreveu.

Na oportunidade, Gabriel registrou um boletim de ocorrência, mas voltou a ser atacado com comentários homofóbicos pelo mesmo indivíduo na madrugada da última sexta-feira.

Quando vi a publicação da Graziele no Instagram falando o que aconteceu com ela, eu publiquei um comentário no perfil dele pedindo que todos tomassem cuidado, pois ele estava atacando as pessoas. Daí, ele não gostou e, novamente, me mandou mensagens privadas. Desta vez, além das críticas ao meu corpo, ele fez comentários homofóbicos e ameaças de morte”, explica o estudante.

Logo, o agressor disse que a vítima, por ser homossexual, deveria morrer e que sua orientação sexual é resultado de “falta de porrada”. Além de ofensas aos demais membros da família, o homem voltou a repetir o que disse para as demais vítimas: que caso o encontrasse na rua, o mataria.

Questionada pela reportagem, a Polícia Civil de Minas Gerais, por meio de sua assessoria, confirmou o recebimento das denúncias feitas por Graziele e Gabriel e disse que foi instaurado procedimento para apuração dos fatos. “Até o momento, não houve suspeito conduzido. As investigações seguem na Delegacia de Polícia Civil em Juiz de Fora”, finaliza a instituição, em nota.