O secretário de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Fernando Silveira Camargo, disse que a chave para a sustentabilidade e para a conservação é a ciência, e a chave para a tecnologia é a inovação. A afirmação foi feita no CB Fórum Live, que reuniu autoridades, especialistas e representantes do agronegócio para dialogarem sobre os principais desafios e impactos dos avanços da tecnologia no campo, e as oportunidades para o país nos próximos anos.
Segundo o secretário, o Brasil é uma potência agroambiental porque conserva, "e a gente vai continuar fazendo isso com cada vez mais ciência e inovação". Camargo relatou que passou duas semanas na Cúpula do Clima (COP26), em Glasgow, na Escócia, e viu que o novo acordo aprovado foi colocado no livro de regras do Acordo de Paris, de 2015, para funcionar.
"A COP26, o maior evento diplomático mundial para o agro brasileiro e para o agro mundo afora, deixou claro que inovação com sustentabilidade vai ser o binômio dos próximos 10, 15, 20, 30 anos, até 2050 certamente, por conta dos nossos acordos internacionais, de nos tornarmos um país de emissão zero em 2050", disse o secretário.
Camargo afirmou que o binômio inovação e sustentabilidade vai mudar tudo, mas que, para isso, é preciso muita tecnologia. "Primeiro, vamos mitigar os gases do efeito estufa. Nós vamos cumprir um acordo do metano, o que vai ser ótimo pra nossa pecuária evoluída."
O Pacto Climático de Glasgow trouxe duas novidades em relação ao redigido há seis anos que prometem polêmica nas mesas de negociação. O documento sugere que o prazo para se atingir as metas de corte de emissões seja 2022, em vez de 2025.
Além disso, abraça a proposta dos países mais vulneráveis aos efeitos do aquecimento global: a revisão anual, e não mais a cada cinco anos, das contribuições nacionalmente determinadas (NDCs), ou seja, o compromisso que cada nação assumiu para fazer valer o que foi acordado na capital francesa, em 2015. O Acordo de Paris diz que se deve chegar ao fim do século com um aumento máximo da temperatura, em relação aos níveis pré-industriais, de 2°C e, se possível, 1,5°. Com essa finalidade em mente, os signatários têm de apresentar, até 2030, suas NDCs, revendo o nível de ambição a cada cinco anos. Depois dessa data, dependendo do cenário, serão estabelecidas novas metas.
Porém, seis anos depois do documento, o que foi feito até agora, e o ritmo com que as ações têm sido colocadas, em prática apontam para um aquecimento de 2,4°C a 2,7°C. As consequências serão catastróficas, conforme relatórios científicos recentes. Além disso, o mundo está emitindo mais carbono, e não reduzindo, como era o esperado.
Para Camargo, é muito importante entender que parcerias como essa fomentam novas ideias, que estimulam a novidade e a inovação. Vai ser fundamental para esse novo paradigma de produzir e conservar. "A questão do carbono está presente em todas as discussões internacionais. Vejam as medidas que a União Europeia pode adotar em relação ao agro que polui, ao agro que desmata, aquele agro que não é o agro brasileiro majoritariamente", disse.
"Então eu quero trazer essas informações (da COP26), porque a gente está no meio de uma revolução. Uma revolução do agro verde, do agro digital, do agro 4.0 que economiza água, como a gente viu em um dos projetos, que economiza fertilizantes, que economiza herbicidas. É nisso que a gente tem que investir daqui para a frente", declarou.
Para Camargo, o impacto da tecnologia na agricultura e no meio ambiente é o aumento da produtividade. "A gente precisa aumentar a produtividade, como esses projetos evidenciaram na prática. O resultado dos projetos é o aumento da produtividade, na medida que você irriga melhor, que gasta menos dinheiro com herbicida, não gasta tanto dinheiro com fertilização. Enfim, tudo isso aumenta a produtividade", afirmou.