EDUCAÇÃO

Jovens querem iniciar faculdade em 2022 e buscam cursos híbridos, diz pesquisa

Para os alunos pesquisados no levantamento Observatório da Educação Superior – 5ª edição: Perspectivas para 2022, somente 45% da carga horária dos cursos deveriam ser dedicadas às aulas presenciais tradicionais

Ingrid Soares
postado em 23/11/2021 11:05 / atualizado em 23/11/2021 11:07
 (crédito:  Marcos Santos/USP Imagens)
(crédito: Marcos Santos/USP Imagens)

Com o aumento no índice de jovens e adultos vacinados contra a covid-19 e a confiança nas medidas sanitárias adotadas pelas instituições de ensino superior (IES), voltou a crescer o interesse em investir na graduação. É o que mostra a pesquisa Observatório da Educação Superior – 5ª edição: Perspectivas para 2022, apresentado nesta terça-feira (23/11) pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) e pela Educa Insights.

De acordo com o levantamento, 63% dos entrevistados não querem mais adiar a graduação e declararam planejar o início da faculdade no primeiro semestre de 2022. O índice é 25 pontos percentuais maior que o registrado em novembro do ano passado, quando apenas 38% tinham a intenção de se matricular para o semestre seguinte.

O modelo de ensino remoto utilizado durante a pandemia também aumentou o interesse por novo modelo pedagógico baseado no hibridismo, unindo o espaço presencial e o virtual. Para os alunos pesquisados, somente 45% da carga horária dos cursos deveriam ser dedicadas às aulas presenciais tradicionais. O restante, segundo o levantamento, deveria ser ministrado ou por aulas remotas (16%), por conteúdos digitais (16%) ou mesmo por trabalhos práticos em comunidades ou empresas (23%).

A pesquisa ocorreu entre 14 e 16 de novembro, via internet, com consulta a 1.043 homens e mulheres considerados potenciais alunos de cursos presenciais e a distância em instituições particulares de ensino superior, em todas as regiões brasileiras.

Entre os entrevistados que escolhem cursos na modalidade a distância, 67% querem começar imediatamente e 13%, na metade de 2022. Quando a preferência é um curso presencial, 63% devem ingressar no próximo semestre e 14%, no segundo semestre de 2022.

O diretor presidente da ABMES, Celso Niskier, ressaltou que a pesquisa identifica o crescimento da confiança dos estudantes em ingressar na graduação com o avanço da vacina e a retração da pandemia no Brasil. Ele aponta ainda que as instituições de ensino devem se preparar para receber os alunos pós pandemia após a experiência com o ensino remoto.

“Ficou bem claro que o futuro do ensino é híbrido e que os jovens querem o melhor dos dois mundos. Está nas mãos das instituições esse desejo de combinar as atividades híbridas e presenciais. Esses candidatos procuram universidades que oferecem programas flexíveis que combinam presencial com remota, com trabalhos práticos. As que souberem oferecer esse modelo híbrido terão maior chance de captação”, afirma.

Apesar do quadro positivo de procura por graduação em 2022, Niskier aponta contudo que a principal barreira ainda é a questão financeira.

Na análise do fundador e diretor da Educa Insights, Daniel Infante, os resultados validam o primeiro passo da retomada da intenção de matrícula. “Esse é o primeiro passo e tem uma série de desdobramentos necessários para que a intenção se transforme em ingresso, como o momento da economia que impacta diretamente na renda das famílias”, explicou. Segundo ele, ainda, haverá aumento de instituições oferecendo descontos no chamado "Black Friday".

Sólon Caldas, diretor-executivo da Associação Brasileira das Mantenedoras do Ensino Superior (Abmes), destacou que houve também mudança no comportamento do aluno em relação às instituições. “Antigamente, o preço definia a escolha do aluno. O preço ainda é importante, mas não é fator decisivo. Ele está levando em conta a qualidade e a proximidade de casa. Isso evidencia que instituições pequenas estão tendo destaque e sendo valorizadas”, concluiu.

Impacto do resultado do Enem

Os resultados das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) estão previstos para o fim de janeiro de 2022. A nota da avaliação é essencial para programas como o Programa Universidade para Todos (ProUni) e o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies), além de ser usado pelas IES para concessão de bolsas e descontos nos valores das matrículas.

As mudanças das regras nos programas do governo federal esvaziaram a procura. Entre os entrevistados, apenas 10% pretendem usar a nota do exame para se candidatar a uma bolsa do ProUni. Em contrapartida, 79% têm a expectativa de conseguir o melhor desconto ou bolsa possível direto com a IES.

 

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