Em Patos de Minas, no Alto Paranaíba, um jovem de 19 anos foi morto com um tiro no peito durante ação da Polícia Militar. Sérgio dos Reis Gaya Júnior era professor de capoeira e atuava num projeto social. Na madrugada de terça-feira (16/11), ele foi abordado quando chegava em casa, no Bairro Alto da Serra. A suspeita era que a moto que ele empurrava fosse furtada, no entanto, ela estava regular.
A Polícia Militar alega que o rapaz desacatou e resistiu à prisão. Já os familiares citam excessos, abuso de autoridade e falta de preparo dos militares. Ele foi velado e sepultado nesta quarta-feira (17/11).
O que diz a Polícia Militar?
O boletim de ocorrência indica que Sérgio dos Reis Gaya Júnior estava empurrando uma motocicleta no Bairro Alto da Serra. Dois PMs deram ordem de parada, contudo ele teria desobedecido.
O rapaz teria tirado a camisa, se apresentado como lutador e partido para cima dos militares. Na sequência, outras pessoas saíram da casa e passaram a desacatar a equipe.
Instantes depois, todos se trancaram na residência, tendo os PMs tentado negociar. Sem sucesso, o portão foi arrombado e a equipe entrou no imóvel.
Ainda segundo a ocorrência, foram utilizados spray de pimenta e arma de choque, porém, Sérgio teria continuado a resistir, inclusive dando uma "voadora" (pulo combinado com um chute).
Neste momento, um dos militares efetuou um disparo que atingiu o peito de Sérgio. Ele foi socorrido na viatura até o Hospital Regional, passou por cirurgia, mas faleceu.
Dois adolescentes, irmão e cunhado de Sérgio, foram apreendidos por desacato e resistência. A motocicleta, que motivou a abordagem, estava regular. O policial militar que efetuou o disparo foi preso e encaminhado para a sede do batalhão.
O caso será apurado e julgado pela Justiça Militar de Minas Gerais.
O que diz a família?
Durante o velório, a mãe do capoeirista conversou com a reportagem. Revoltada, Sheila Dias dos Santos narrou que acordou assustada de madrugada. "Eu consegui fazer [meus filhos] entrar e tranquei o portão. Eu falei para o Júnior [filho], eles estão é chamando mais reforço para machucar vocês, eles vão matar vocês".
Sheila citou que cerca de 30 militares estavam de fora da residência. "Eles até dançaram para fazer raiva no meu filho [...] Deram uma cacetada na boca dele, porque eles [PMs] tentaram abrir o portão e ele não aceitou".
Depois de algum tempo, segundo a mãe, os militares desligaram a energia da residência e arrombaram o portão. Depois do disparo de arma de choque, ela disse que abraçou o filho, mas os PMs o retiraram e deram o tiro. "Eles cataram meu filho que nem um porco no chão".
Para o pai, Sérgio dos Reis Gaya, a morte do filho foi uma execução. "Não vai ficar assim, eu acredito no Ministério da Justiça, porque Patos de Minas tem lei, não vamos deixar assim".
Ele citou que Sérgio não foi agressor e sim defensor de si próprio. "O capoeira, eu nunca vou deitar para vocês no chão. Nunca! Prefiro morrer, estar igual meu filho aí".
Saiba Mais
- Brasil A cada 10 assassinatos de pessoas trans no mundo, quatro ocorreram no Brasil
- Brasil Prefeitura do Rio volta atrás em flexibilização de uso de máscara em academias
- Brasil Ministro da Educação nega 'ordem de cima' para mudar questões do Enem
- Brasil Pedido de auditoria do TCU no Inep é aprovado no Senado
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.