A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recebeu, ontem, um pedido de alteração do esquema de imunização da vacina contra a covid-19 da AstraZeneca, produzida no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Atualmente, a bula do imunizante prevê duas doses para a imunização completa contra o novo coronavírus, mas a farmacêutica pediu para incluir uma terceira injeção, que deve ser aplicada seis meses após a segunda dose.
"A solicitação da AstraZeneca prevê a vacinação homóloga, ou seja, aplicação de dose de reforço em pessoas que receberam as duas doses iniciais da mesma vacina da AstraZeneca há pelo menos 6 meses", explicou a Anvisa. Assim, o pedido para uma injeção adicional vale para todas as faixas etárias atualmente incluídas na bula do imunizante — ou seja, pessoas com 18 anos ou mais.
A recomendação, porém, contraria aquilo que indicou o Ministério da Saúde na última terça-feira, quando anunciou a ampliação da aplicação do reforço para toda população adulta. A indicação da pasta é para que essa dose adicional seja, preferencialmente, de uma vacina diferente daquela que a pessoa recebeu anteriormente — e a preferida para isso é a da Pfizer.
"É o que chamamos de vacinação heteróloga. Essa decisão é apoiada na ciência. Temos dados que embasam isso e mostram que o imunizante com a tecnologia do mRNA é o mais adequado. Então, a dose adicional de reforço é feita com a vacina Cominarty (da Pfizer)", ressaltou, na terça-feira, o ministro Marcelo Queiroga.
Injeções de sobra
Ontem, ele voltou a garantir que tem aplicações suficientes para o reforço em toda população. "Nós temos doses, o que não era a realidade no começo da campanha. E aí nós queremos avançar ainda mais na segunda dose e seguir com a dose de reforço", observou.
Na última terça-feira, diante da recomendação do Ministério da Saúde, a Anvisa informou que não foi consultada pela pasta sobre a terceira dose e lembrou que outros países buscaram respaldo nas respectivas agências reguladoras. "Antes de incorporar a dose de reforço das vacinas, países como Estados Unidos, Canadá, Indonésia, Grã-Bretanha, Israel, membros da Comunidade Europeia e outros submeteram a estratégia à avaliação prévia das suas autoridades reguladoras", indicou.
A agência lembra que para alterar a bula de um imunizante, é necessário que os estudos clínicos demonstrem "manutenção do perfil de segurança do produto", além de indicar qual eficácia foi atingida com a dose adicional. O estudo clínico que avaliou a necessidade de uma terceira dose da vacina da AstraZeneca foi aprovado pela Anvisa em 19 de julho e realizado com voluntários brasileiros.
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