O vice-presidente Hamilton Mourão disse, ontem, que as análise do presidente Jair Bolsonaro sobre o Enem — comentou que o certame começa a ter a cara do governo — são "da ideia dele". Ele garantiu, ainda, na chegada ao Palácio do Planalto, que o "governo não mexeu em nenhuma questão do Enem".
"O presidente fez menção simplesmente a algo que é ideia dele. Ele tem liberdade para isso. O Enem está baseado em um banco de dados que foi construído há muito tempo. As questões não estão variando. O governo não mexeu em nenhuma questão do Enem. Questões são feitas de acordo com a metodologia do Inep", afirmou Mourão.
Já o Inep afirmou, em nota, que mantém protocolos rígidos sobre pessoas habilitadas a entrarem no Ambiente Físico Integrado Seguro (Afis), onde são armazenados os itens e montadas as provas.
"A visita de um policial federal, restrita à área comum do local, sem qualquer acesso aos conteúdos ali armazenados, faz parte de avaliações sistemáticas das condições de um ambiente de alta segurança", explicou o instituto.
O Inep esclareceu, ainda, que é prerrogativa do presidente da instituição e do diretor de Avaliação da Educação Básica terem acesso à prova, o que já ocorreu em edições passadas do exame.
"Mesmo assim, o presidente Danilo Dupas e o ministro da Educação, Milton Ribeiro, não tiveram acesso aos itens selecionados. A seleção dos itens de prova segue diretrizes que não perpassam qualquer juízo de valor ou ideologia", afirmou o órgão.
Declaração infeliz
Para Olavo Nogueira Filho, diretor executivo do Todos pela Educação, a declaração de Bolsonaro foi infeliz, pois colocou "em risco a credibilidade da prova".
"Com essa manifestação, o presidente dá indícios de que pode ter ocorrido interferência de natureza não-técnica por parte do governo em uma prova que tem que ser 100% técnica. É grave e é uma questão que precisa ser esclarecida", afirmou.
Para Nogueira, o episódio evidencia mais uma tentativa de Bolsonaro de desviar o foco para encobrir o desmanche do Inep. "O presidente tenta fazer isso com a tática já recorrente de levar a discussão para o embate cultural, para a agenda de costumes. Nesse sentido, para usar a expressão que o próprio presidente utilizou, essa é que tem sido a grande marca do governo na educação: fazer do MEC um instrumento de guerra cultural", criticou. (GB e GC)
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