Em resposta à polêmica envolvendo a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e às declarações do presidente Jair Bolsonaro de que as questões da prova não repetirão “absurdos” do passado, pois a prova terá a “cara do governo”, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou nesta terça-feira (16/11) que o “Enem está pronto há meses. Não há como interferir”.
Segundo ele, a prova do Enem vai buscar a não politização e a aferição de conhecimentos do aluno. “Vamos avaliar a capacidade do estudante de ascender ao ensino superior. É o que queremos”, completou, em entrevista à CNN.
De acordo com o ministro, a crise vivida no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) não tem relação com a prova do Enem. '"Bom, aí entra outro assunto. Entra um grupo — que é um grupo de funcionários, um colegiado, um colegiado de bons funcionários públicos do Inep — que teve lá uma discussão a respeito de uma gratificação a mais. Essa é a questão. Esse é um assunto que é administrativo. Não tem nada a ver com prova do Enem", disse Ribeiro ao ser questionado sobre a debandada de servidores do órgão ocorrida este mês.
"Então, quando a gente vê toda essa discussão às vésperas do Enem, nada (relacionado) com educação, nada (relacionado) com as provas, tudo tem a ver com a questão administrativa, de pagamento ou não de gratificação", completou.
“Sai quem quer”
Ao todo, o Inep já perdeu mais de 37 profissionais que trabalhavam diretamente na coordenação do exame. Sobre isso, o ministro afirmou que “sai quem quer”. “Nenhum servidor foi demitido. Eles são concursados, têm estabilidade. Alguns colocaram à disposição cargos em comissão. Eu tenho mais de 400 servidores no Inep. Gente de muita competência e alguns extremamente politizados. Quem quiser sair pode sair. Não está satisfeito, pode pedir”, disse.
Na última semana, servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) ouvidos pelo Correio relataram uma rotina de perseguições e assédios durante a elaboração das questões do exame.
Segundo os funcionários, em 2019, a instituição criou uma comissão para verificar se as questões do Enem têm "pertinência com a realidade social". A situação teria piorado com a chegada de Danilo Dupas à presidência do Inep, em março de 2021, alegam os servidores. Sobre as acusações, Ribeiro afirmou confiar integralmente no atual presidente do órgão.
De acordo com o ministro, nenhuma autoridade teve acesso à prova antes da aplicação. Nem ele, nem o presidente do Inep ou o presidente da República. "Se vocês me perguntarem hoje: qual é que o tema da redação? Vou ficar devendo pra vocês", reforçou.
*Estagiárias sob a supervisão de Andreia Castro
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