Na última sexta-feira (5/11), Thalissa Nunes Dourado, de 27 anos, foi encontrada morta dentro de seu quarto, na casa onde morava com uma amiga, no bairro Caborê, na cidade de Paraty, na Costa Verde do Rio de Janeiro. Quando a polícia chegou ao local, a designer de moda já estava sem vida e tinha a cabeça coberta por um saco plástico e as mãos amarradas.
Ao O Globo o delegado Marcelo Haddad, titular da 167ª DP, da cidade de Paraty, disse que os suspeitos do crime já foram identificados. A vítima teria sido morta por asfixia, mas só após o resultado do laudo da necropsia a causa da morte será confirmada.
Em depoimento, a amiga que dividia a casa com Thalissa contou que, na noite anterior ao crime, a vítima havia ido para um bar e teria chegado bêbada em casa, acompanhada por um casal de amigos. Ela contou que ouviu Thalissa subir sozinha para o quarto e não escutou nenhum barulho diferente.
Ao acordar, por volta das 5h, a amiga saiu de casa e, somente ao voltar, às 11h50, percebeu que Thalissa se atrasaria para o trabalho, então decidiu acordá-la. Quando abriu a porta encontrou a amiga já sem vida. Desesperada, ela ligou para outra amiga, que chamou o Samu e a polícia.
No dia do crime, uma perícia foi realizada no local e o corpo da vítima foi submetido a exame de necropsia. A polícia colheu imagens de câmeras de segurança da região e ouviu depoimentos de amigos e parentes da jovem.
A polícia analisou as imagens das câmeras e, segundo o delegado responsável pelo caso, as gravações trouxeram elementos importantes para a investigação. "Ouvimos familiares e amigos da vítima, inclusive pessoas que estiveram com ela nos últimos momentos, que estiveram com ela de madrugada" afirmou.
Ainda segundo o delegado, os amigos da vítima chegaram a desconfiar de suicídio, pois Thalissa sofria de quadro depressivo. No entanto, as provas colhidas apontaram para um crime. "Os elementos que colhemos apontam de forma muito contundente para um homicídio. Não há mais dúvidas quanto a isso. Já temos suspeitos do crime que estão sendo investigados. Estamos prestes a concluir essa investigação", completou.
Designer e professora
Thalissa se formou em design de moda no Instituto Europeo di Design (IED), em São Paulo. Além disso, em um vídeo do IED, divulgado em 2014 no Youtube, quando ela ainda estava no 5º semestre da faculdade, ela apresentou uma proposta inovadora de tecido impresso e moldado em 3D.
Recentemente, a designer havia aberto um ateliê em Paraty, batizado de Alba, no qual produzia peças de vestuário. O perfil do ateliê no Instagram traz roupas tingidas e pintadas à mão, sempre com temas relacionados à natureza. "Ter conseguido dar a luz à @alba.ffffff, seguindo todos os propósitos que eu acredito dentro de um mundo mais consciente, continua sendo um aprendizado e evolução diários", escreveu Thalissa em uma publicação feita no último 26 de agosto, quando ela completou 27 anos.
A jovem também atuava como professora na escola de idiomas Knn Idiomas Paraty. "Poder participar do processo de educação de uma pessoa é algo que ainda me emociona a cada lição que eu corrijo", escreveu Thalissa em outro post. Por conta da morte de Thalissa, o estabelecimento suspendeu as aulas por dois dias.
Outros casos de violência em Paraty
Duas mulheres denunciaram, em maio, a falta de socorro após serem atacadas por um homem enquanto acampavam na Praia dos Antigos, na região da comunidade do Sono, a cerca de 35 km de Paraty. Elas contam que o homem estava visivelmente drogado e as perseguiu, tendo chegado a agredir uma delas. O caso gerou um protesto em frente à Câmara dos Vereadores de Paraty, no qual cerca de 100 mulheres pressionaram as autoridades pela criação de um Observatório do Feminicídio na cidade.
Também foi na Praia do Sono que um turista da Lituânia foi amordaçado, agredido e morto, e a sua esposa estuprada, em fevereiro do ano passado. Após a prisão de Edson Santos, apontado como autor do crime, novas vítimas de violência sexual em Paraty procuraram a delegacia para denunciar o suspeito. Ao ser preso, ele já tinha passagens por tráfico de drogas, estupro e estupro consumado.
De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) do Estado do Rio, de janeiro a setembro deste ano, Paraty registrou 24 casos de letalidade violência (indicador que inclui os casos de homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e morte por intervenção de agente do estado). No mesmo período do ano passado, foram 22 casos.
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